23 janeiro, 2007

Pelas bandas de Portel... (1)

Parar ali? Nem pensar...!!!

PASSEIO DE JORNALISTAS em PortelConfesso que durante muitos anos passei pela antiga estrada Évora-Beja muito lampeiro, admirando de longe o castelo de Portel, mas sem me atrever a mirar as ruas da vila. Era coisa instintiva, e nada me demovia – nem comovia – , nem mesmo o pitoresco relatado por médica amiga que ali cumpriu não o serviço militar, porque de quartel não há memória fresca, mas sim o serviço médico à periferia. E Saramago, claro, na sua incontornável volta a Portugal.

É verdade que a curiosidade já andava desperta porque se falava da administração autárquica da terra no pós-25 de Abril, pois um presidente lendário – de tão contestado e odiado por uns, ao mesmo tempo que admirado e encomiado por outros – teria sido eixo de uma reviravolta. Mas que pode dizer-se quando a vontade não puxa?

E se eu andava por ali… Vida de reportagem, pois claro, e quando havia secas lá estava caído, ao largo, entenda-se. E se um novo governo acenava com o arranque próximo da construção de Alqueva também se me dava para tomar a estrada para Moura e ala que se faz tarde. Parava em Cuba, Alvito, que querem? Mas ali, nem pensar. Até que um dia li que estava a funcionar na terra um belo hotel rural, o Refúgio da Vila, que foi coisa rara, de Évora para baixo, por muitos e demorados anos. Exceptuada a bela pousada ex-Enatur, em Beja.
PASSEIO DE JORNALISTAS em Portel
Deu nova volta, a vida, para me demorar num outro projecto que implicava andanças pelas terras do Baixo Alentejo – e lá aboletei e amesendei. Estava a casa ainda nos verdes anos, mas o ambiente cativava, de quartos catitas, confortáveis, cozinha incipiente mas tranquila, demorada como se quer por estas bandas. Fui ficando cliente, do hotel, claro, mas também da vila. Parava, desfazia-me do pó das jornadas, cirandava pelas ruas e ruelas, deitei os olhos lá do alto, tive os primeiros contactos com a rota do fresco que na altura ainda não era. Pelo menos com nome posto.
PASSEIO DE JORNALISTAS em PortelDescobri outros pousos, até que num vizinho restaurante S. Pedro também os comeres e beberes estavam a um passo de justificarem, por si sós, a visita.

De modo que Portel passou a valer a pena, apesar de pairar nos meus ouvidos ecos de um grupo coral, o dos Cantares Regionais de Portel, com umas cantigas que me irritavam – o coral de tradição andava por aí assassinado nuns ritmos que nem sabia dizer. Mas disto eu não provava, nessas escapadelas.

Fotos: Antunes Amor (direitos reservados)
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