25 janeiro, 2007

Pelas bandas de Portel... (4)

Como se fosse uma motoreta,
sem exigência de carta de condução

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PASSEIO DE JORNALISTAS - Navegando o Alqueva
Bom, a Nautialqueva espera por nós, ancorada nos seus barcos, barquinhos e barcões, mais o serviço de terra que em grande parte há-de ser. Agora, os pontões de atracagem já lá estão, com alguns dos devidos navios. Qual é a ideia? Bem, os franceses, por exemplo, já há muito aproveitaram a navegação nos vários canais que dão passagem entre rios, para fruição do turista de calmaria. Mas outros países de outras línguas aplicam a receita, e daí que os vários modelos de embarcações tenham vindo com nome à inglesa – house boats.
Chamemos-lhes amavelmente barcos-casa e entremos. O engenheiro Manuel Maia, que é sócio da empresa, põe a engenhoca em marcha e passa ao lado prático da navegação: “Ora, veja lá, que é mais fácil do que conduzir o carro”. E é verdade, navega-se facilmente, com um motor de baixa cilindrada, coisa como se fosse uma motoreta, sem exigência de carta de condução. É que lá está o sonar para dar conta da profundidade e de possível má vizinhança para o casco; o GPS, a dar conta até dos “piões”, a carta com tudo assinalado, o canal de navegação, as margens, as profundidades. Se for o caso de necessidade, de disparate do navegador, há alarme para recuar a tempo, telefone para pedir apoio…
Agora, imaginemos que há uma família a precisar de descomprimir: aí está, há quartos, há fogão, frigorífico, mesa, barbecue. E o serviço opcional para quem não quiser ir fazer compras, ou pressa de zarpar logo com a despensa abastecida – a gosto. Basta fazer e enviar previamente a lista do supermercado.
Depois é andar por ali: como um francês do último Verão, que se ficava no escuro, muito escuro, a contar as estrelas que já não pode ver lá nos céus ultra-iluminados de onde partiu. Havia de dormir depressa, que são mais, as estrelas, do que os carneiros todos do Alentejo.
Aprovado para este modo de vida. Hoje, quando por aqui nos é exibido o estilo de descanso em oferta, o Inverno fez-se doce, acordou frio mas de sol cordato, tudo calmo. E enquanto nos abeiramos da embocadura do Degebe no Guadiana, no meio dos idos alcantis das margens, abre-se um espumante, pousa-se os olhos no espelho da água, repousa-se o corpo numa das cobertas. E diz-nos o engenheiro que a empresa está para aproveitar tudo, e outros barcos de outras dimensões, e outros passeios, por ali se alinham. Ou sejam, estão no Alqueva não tarda outros, capazes de levarem grupos de congressistas, e outros tipos de exércitos.
Alqueva abaixo, já nos abeiramos do paredão, com velho receio na alma e no coração: a densidade autorizada para as margens da albufeira tem crescido na proporção geométrica da gula dos capitalistas; o gado que devia limitar-se aos montes não resiste a ver-se reflectido na água; já navegam sem GPS nem sonar algumas nódoas de lubrificantes e/ou combustíveis.
O autarca, ele próprio, reconhece as ameaças. Estas e outras, e diz-se atento e obrigado. Oxalá fique Portel imaculada nestas andanças do grande lago.
PASSEIO DE JORNALISTAS - Navegando o Alqueva
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Fotos: Antunes Amor (direitos reservados)
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1 comentário:

tb disse...

imagens belíssimas ilustrando o texto bem estruturado sobre um local maravilhoso deste nosso belo país.
Parabéns!