07 janeiro, 2010

E não é que eles insistem em afirmar raízes, forças, afectos e alegrias?

Nestes tempos das Festas em que a saudade mais aperta, não podia deixar de lançar um olhar e um abraço fraterno para toda essa gente que abalou mundo fora para encontrar ganha-pão em terras estranhas. E os novos caminhos da emigração levam, por vezes, os melhores de nós.

Mas… que dizer da birra, da teimosia, do quase vício, de - onde quer que estejam - teimarem nos valores da cultura portuguesa. Na mais das vezes ao arrepio de qualquer apoio (de quem apoiar devia), arrostando mesmo com olhares displicentes (será comiseração?) de responsáveis diplomáticos que deviam saber estar próximos das afirmações de apego a raízes culturais portuguesas.


As sonoridades da nossa música tradicional só envergonham incultos e boçais - quase sempre deslumbrados por subprodutos musicais que da estranja nos chegam. Se atentassem nas letras, verificariam frequentemente um nível idêntico ao da nossa música mais pimba.

Café Portugal


Por mim, deslumbro-me a ver estes miúdos a quem alguém já transmitiu o amor e as técnicas necessárias para uma quase precisão de execução -e que não é por isso que perde o carácter lúdico, de brincadeira ou jogo. E relembro palavras de um investigador universitário da área da etnomusicologia acentuando que, face aos avassaladores fenómenos de aculturação de que somos alvo e objecto, com a padronização de comportamentos ditadas pelas modas que chegam do estrangeiro, um dia destes… quando quisermos saber como era nossa etnografia teremos de buscar raízes nas comunidades portuguesas da diáspora, encontrando (no enquistamento das práticas) antigos momentos e manifestações que deixamos morrer sem rasto ou marca.



Não sei se todos aqueles miúdos têm, da língua portuguesa, prática, maleabilidade e presteza. Não sei se, em termos oficiais, alguém alguma vez se preocupou sequer com isso. Mas sei que a nossa Diáspora mudou muito: está nas Universidades, detém posições relevantes no tecido económico dos países onde se instalou, ganha influência política.

Como me diziam há dias em Nova Iorque, só os nossos Governantes é que ainda não repararam nisso... nem atentaram no capital potenciação de relações, negócios e de influência política que hoje representam as Comunidades Portuguesas.

E... bastaria apenas um pouco mais de atenção e uma presença mais actuante!

11 dezembro, 2009

Este fim-de-semana, o PASSEIO DE JORNALISTAS parte à descoberta de Santiago do Cacém

O Passeio de Jornalistas regressa a terras do Sul. Agora é Santiago do Cacém a ser alvo de uma incursão da "caravana" da Comunicação Social.

De Miróbriga à Abela, da lagoa de Santo André ao Cercal, mergulhar cores de Inverno a sul, com vagares para uma décima ou uma história, sôfregos dos sabores, dos montes ondulados, dos sons do montado, dos aromas do mar da vastidão do horizonte lá do alto do Castelo...



Um fim de semana de aventuras a sul, na costa alentejana. Nem as zebras e os flamingos vão faltar. Noites e amanheceres de beira de mar, incursões por cenários de Roma, diálogos com saberes rurais, a visão de um moinho, a intromissão numa antiga taberna, a subida ao Castelo, a memória dos Caminhos de Santiago...

Entre observações de paisagem e palavras que contam sonhos, projectos e bloqueios, restará tempo para vislumbrar antigas artes ou restar apenas à conversa. Quem sabe, lembrando uma história de Manuel da Fonseca ou uma música de Chainho.

Roteiro de Viagem e mais indicações de percurso e visita aqui.

09 novembro, 2009

Alguém que me ajude, não estou a perceber nada! Ou talvez esteja...

Há uns meses, o Governo (anterior, mas presidido pelo mesmo Primeiro Ministro deste) deu à luz um ordenamento turístico. E multiplicou-se em justificações da criação de cinco Entidades Regionais de Turismo e de mais uns quantos Pólos de Desenvolvimento Turístico.

Agora, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e a Estrutura de Missão do Douro estão a avaliar a possibilidade de criar centros de informação turística mais modernos.
Desculpem, não ouvi bem. Fazem favor de repetir?

Quer dizer: primeiro criam estruturas regionais específicas para o sector do Turismo, depois vem uma CCR dizer que está a estudar modelos de "centros de informação turística". Afinal, quantas estruturas estão, ao mesmo tempo, a estudar as mesmas coisas?
Em sobreposição? À vez?

Decidam-se! E já que não sobra coragem para assumir uma efectiva Regionalização - optando por uma regionalização encapotada e não sujeita à consulta dos cidadãos - ao menos não criem organismos sobrepostos, atropelando-se para fazer as mesmas coisas!

Quase dá para desconfiar que só não há Regionalização porque... assim os cidadãos não têm que se pronunciar sobre quem se aboleta com os cargos destas múltiplas estruturas regionais: em duplicado (ou triplicado) podem proliferar gabinetes e satisfazer clientelas necessitadas de uns empregozinhos.

Pagam os do costume, ou seja... nós!


*Publicado na Coluna de Opinião da revista Café Portugal

29 julho, 2009

Antigos ofícios e artes em Castro Marim

Fazer uma pausa na praia, em busca de outras paisagens de Algarve. Altura ou a Praia Verde para trás, em direcção à aventura pelas Aldeias de Castro Marim. Por entre paisagens e rostos, mãos que ainda sabem velhas artes que estão a desaparecer.


Será que é verdade que quem faz um cesto faz um cento? As mãos parecem ir já sozinhas...
Cafe Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Castro MarimCafe Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Castro Marim
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Do linho ainda há quem o saiba e lhe conheça segredos de semear, espadelar e tecer...
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Rostos marcados pelo tempo e pela vida, guardiões de antigos saberes e técnicas...
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E uma pontinha de vaidade... quando se sabe bater o o ferro e de um sopro moldar-lhe formas.
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E até apetece continuar a viagem, em busca de histórias e vidas.


Fotos: Antunes Amor (direitos reservados)

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24 julho, 2009

A culpa é do Facebook. recordações de uma navegação de lancha entre as Flores e o Corvo

A net tem destas coisas...
No meio de uma imensidão de pedidos de conexão no Facebook (e alguns têm de ser recusados por ofensivos, reprováveis ou desinteressantes...) surgiu um que tinha qualquer coisa de familiar. Seria a imagem do Barco? Seria a denominação Netos de José Augusto?

Ora eu conheci um Mestre José Augusto, senhor de artes de navegação entre a Ilha das Flores e o Corvo. E uma olhada pelos contactos daquele "perfil" revelou-me um rosto de confiança inabalável: um grande profissional de rádio dos Açores, o António Sousa.

Mesmo assim, ainda questionei os "Netos" acerca de quem eram. A resposta veio de pronto:
Este era um barco que fazia a ligação entre a ilha das Flores e a ilha do Corvo. Durante muitos anos José augusto foi o senhor das ligações entre as duas ilhas. Os netos que continuaram com o negócio quiseram homenageá-lo na nova embarcação.
O barco opera agora na ilha de S. Miguel, com pequenos cruzeiros.
A minha resposta foi imediata:
Já desconfiava que falavam do Mestre Augusto da Lancha.
Conheci, viajei, compartilhei mesmo com a vintena de companheiros da comunicação social que - já lá vão uns anos - levei ao Corvo.
E lembro uma exclamação que ouvi à chegada:
- Vierem de barco? Agora já há avião...
Ou.. a "burrice" daqueles continentais que tinham preferido viajar das Lajes das Flores para o Corvo na Lancha de Mestre Augusto...

Porque eles eram completamente burros.
Ao invés do avião, optaram por tactear os recortes da ilha das Flores com Mestre Augusto ao leme, na contemplação de baías e falésias. E depois, quando quase circundada a ilha se atreveram a mar largo e fundo, tiveram escolta de golfinhos até ao Corvo.

Saída das Lajes das Flores.
A Lancha encosta no cais do Corvo.
Mestre Augusto dirige a amarração
.
O reboliço era total, com fotógrafos e operadores de imagem correndo de uma borda à outra do convés à cata do melhor ângulo - o Victor Bandarra TVI é que me podia arranjar algumas imagens da travessia... ele ou os homens da IRIS (uma produtora de São Miguel que assegurava a captação de imagens para aquele canal de televisão).

Nesta excitação toda... já estava o Corvo à vista e iniciava-se a a manobra de aproximação. Ainda mal o pé em terra, e veio o tal comentário disparado do grupo de corvinos que "em cima do cais" espreitava a cambada de "doidos" do continente com manias de navegação de lancha...

Foram dias inesquecíveis. Os jornalistas tiveram de ficar espalhados por diversas casas a da ilha... que a pequena pensão não tinha capacidade para tão súbita procura. Houve quem fosse para casa do carteiro, para casa do médico...
Eu, como organizador do Passeio, fiquei na pensão. E lá tive de compartilhar o quarto com o José Quitério.
Mulher com ilha em fundo...

Penso que nenhum de quantos viveram essa aventura a irá esquecer. E quando chegou o "Serão Corvino" e as vozes se encontraram com as violas descobrimos que a "Saudade" (que já ouvíramos cantada nas outras ilhas) ganha sentidos quase cortante no Corvo.

Daí a uns anos regressaria eu ao Corvo para experimentar a emoção de uma emissão de rádio em directo a partir da mais pequena parcela de terra dos Açores.
Na altura, uma proeza de telecomunicações, possível pelo empenho dos homens da Portugal Telecom e dos meus companheiros da RDP Açores.

Uma cavaqueira de fim de tarde interrompida pelo fotógrafo...
Quem ainda se deve recordar é o Nuno Ferreira (nesses tempos jornalista do "Público" e agora peregrinando com o seu Portugal a Pé) que eu levei comigo "à boleia".

Tempos em que ainda me era permitido trabalhar na Rádio Pública...


Imagens do
Passeio de Jornalistas
no Corvo, 1993
Fotos: Antunes Amor (direitos reservados)
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2008, de novo o PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores

21 julho, 2009

Num voo de Açor, sobrevoando as Atlânticas ilhas...

Passear os Açores é ter sempre mar por perto... mesmo quando as navegações são por terra.

Na sua mais recente surtida pelas ilhas, o Passeio de Jornalistas pisou o Faial, o Pico, São Jorge e a ilha Terceira. E muitas das vistas e paisagens acabaram capturadas em imagens de relato e registo fotográfico.

Como estas, da Ana Rojas, que vale a pena agora passear num dos seus Albuns das Galerias Escrita Com Luz.


Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos AçoresCafé Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos AçoresCafé Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos AçoresCafé Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores

Olhando a Horta, avistando o Pico, quase como quem espreita as vinhas que nascem da rocha, numa vertigem de fajãs ou num balcão com vista para a ilha...

Nos Açores com o PASSEIO DE JORNALISTAS

18 julho, 2009

Apeteceram as terras de Viseu

Por terras de Viseu anda o Passeio de Jornalistas: uma vintena de profissionais da Comunicação(nacionais e estrangeiros)em mais uma jornada de descoberta, em mais uma etapa de aventura país adentro.


Silgueiros, Póvoa Dão, Alcafache, Vila Meã são, neste sábado, os pontos de passagem obrigatória de uma acção que busca paisagens e sons, não recusa um prato da nossa cozinhe velha, gosta de se deslumbrar com um sorriso e... dá tudo por uma boa história.

E mesmo que as entidades a quem devia competir a Promoção Turística nunca reparem em nós... havemos de continuar a viajar o país e a disso fazer eco das mais desvairadas formas, dos mais diferenciados meis.

Apenas porque gostamos e queremos.

Roteiro de Viagem e demais indicações de percurso e visita aqui.