30 maio, 2008

Vinhos do Alentejo contados em Francês...

Das idas e vindas ao país interior vão derivando informações, conhecimentos e contactos. Os participantes no Passeio de Jornalistas pisam chão, conhecem gente, provam o pão e vinho...

A reportagen da Marie-Line Darcy, publicada na edição de Maio da revista La Vigne, remete para algumas das nossas incursões ao Alentejo.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS - Alentejo - Revista LA VIGNE
Arronches, Portel, Monforte, são pontos intermédios de um percurso pelo Sul que viu terras e gentes, descobriu paisagens e sonhos, mas também visitou adegas e sondou apostas de futuro ligadas ao cultivo da vinha. A não perder, aqui.

Com Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, encerra-se o PASSEIO DE JORNALISTAS aos Açores.

Ir para o inícioEm vésperas de partida da Ilha Terceira , os jornalistas do Passeio vêem desfilar paisagens em forma de manta de retalhos onde os muros de pedra tomam o lugar das linhas de coser, intercalando pedaços de terra amarelados, verdes, castanhos e vermelhos

A estrada segue pelo meio das criptomérias, com antigos vulcões como fundo, até chegar aos Biscoitos.

Nesta localidade, assente em terrenos de lava cristalizada produz-se vinho branco verdelho em curraletas de lava que fazem lembrar o Pico e servem, também aqui, para proteger as videiras e reter o calor.

“Nos Açores não há bons vinhos tintos”, diz-nos convicto Luís, que se apresenta como “discípulo de Baco” mas é também o ilustre representante da família Brum que impulsionou este Museu do Vinho onde parámos.

E porque hoje é domingo e se festeja o Espírito Santo, ainda há tempo para ver passar a procissão, com pagens, mordomos e convidados vestidos a rigor.

Nas piscinas naturais, o cenário idílico só é perturbado pela falta de asseio de banhistas e visitantes que “esquecem” latas de cerveja nos locais mais inapropriados.

Continuamos pela orla marítima até nova paragem, desta vez nas Lajes, onde vemos passar nova procissão e os jornalistas aproveitam a generosidade açoriana para regressar ao autocarro abastecidos com pães, tamanho família, e ideias para partilhar.

A custo, levantamo-nos a seguir ao almoço, ainda mal digerido, para visitar a Praia da Vitória. Visitámos a casa onde nasceu Vitorino Nemésio, um local descaracterizado e a precisar de uma boa aposta a nível de conteúdos que mostrem aos visitantes um pouco da presença do escritor de “Mau Tempo no Canal”.

Nas Varandas da Cidade, abarcamos a Praia da Vitória num só relance. Salta à vista, o areal bordejado pelo mar convidativo que, por hoje, fica novamente à distância.

Nova pausa, num Museu que retrata as tradições carnavalescas da ilha, e mais tempo para o passeio até ao entardecer, altura de regresso à Praia da Vitória para jantar num clube naval, na companhia do presidente da autarquia, Humberto Monteiro.

Ainda na terceira, é dia de nos despedirmos das ilhas, já com saudades dos 12 dias que aqui passámos.

Pires Borges volta a guiar-nos com mestria (desta vez a pé) pelas ruas de Angra do Heroísmo, onde o património bem preservado quase faz esquecer o violento sismo que arrasou a cidade em 1980. “Que património fantástico”, “Que bonito”, “Que casa magnífica”, foram alguns dos comentários ouvidos entre o grupo.

O restaurante Beira Mar, com uma vista privilegiada sobre a baía, acolhe-nos na última refeição que o grupo de jornalistas partilhou neste passeio (tirando a “magnífica” sandes no avião). E muito bem! A sopa do mar servida num “tacho” de pão foi de comer e chorar por mais. Deliciámo-nos ainda com o mero grelhado, o polvo grelhado com molho de escabeche e um saboroso pudim de feijão à sobremesa.

O Forte de São João Baptista foi a derradeira paragem da nossa visita à Terceira. Fica-nos na memória, a frase dos que resistiram ao domínio filipino e que serve de divisa aos Açores: “Antes morrer livres que em paz sujeitos”.


Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Terceira
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Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Terceira
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Alexandre R.
de Almeida

e Raquel
Calçada do Rio


Roteiro de Viagem da Aventura Açores

20 maio, 2008

Aux pieds de sa majesté le Pic / Aos pés de sua majestade o Pico

(Versão original em francês, com tradução para português)

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Montanha do PicoLes nuages s’accrochent et se décrochent en permanence au col de la montagne, dans un mouvement perpétuel de réinvention du paysage.
La naissance du monde a lieu ici, à Pico, l’île montagne, sortie des entrailles de la mer il y a 180 millions d’années. De sa jeunesse cyclopéenne, Pico a gardé des flancs abrupts, et un manteau ocre-brun de basalte. Des flancs qui fournissent du «biscuit», granules rocheuses qui recouvrent tout une fois la lave refroidie.
Aux pieds de sa majesté le Pic, l’homme a dû batailler ferme pour s’inventer un univers : c’est de sa formidable patience qu’est née une curieuse mosaïque de jardins, chaque acre de terrain volé à la lave.
Puis l’homme dans son entêtement à rouler les pierres sur les côtés, édifier des murets afin de conserver la chaleur, les a parfois assemblés en pyramides, en de curieux autels au dieu de la montagne. Dans les jardins sans terre, les ceps de vigne ont pris racines, pour donner un nectar qui vaut autant par son goût que par l’opiniâtreté de ceux qui l’ont fait naitre. Ainsi est faite Pico : d‘une montagne volcan et d’hommes courageux. Aux destins liés par le feu de la lave originelle.
Marie-line Darcy

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Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Montanha do PicoAs nuvens agarram-se e desprendem-se permanentemente do colo da montanha, num movimento perpétuo de reinvenção da paisagem.
O nascimento do mundo teve lugar aqui aqui, no Pico, a ilha montanha, saída das entranhas do mar há 180 milhões de anos. Da sua juventude ciclópica, Pico manteve escarpas abruptas e um manto ocre-acastanhado de basalto. Flancos que fornecem o “biscoito”, grãos de rocha que cobrem tudo quando a lava arrefece.
Nos pés da sua majestade “O Pico”, o homem teve que travar uma batalha dura para inventar o seu próprio mundo: é da sua inesgotável paciência que nasceu um estranho mosaico de jardins, cada pedaço de terra arrancado à lava.
Depois o homem, na sua obstinação, resolveu rolar as pedras de lado, edificar muros para conservar o calor, e até às vezes, juntou-as em curiosas pirâmides, como se fossem altares ao deus da montanha. Nesses jardins de pedra, as cepas de vinha teceram as raízes, para dar um néctar que vale tanto pelo gosto quanto pela persistência daqueles que o fizeram nascer.
Assim foi feito o Pico: de uma montanha vulcão e de homens corajosos. Os seus destinos estão ligados pelo fogo da lava original.

Marie-line Darcy
Roteiro de Viagem da Aventura Açores

A ver as "vistas" na Terceira, com descida ao Algar e tourada à corda em São Mateus...


De São Jorge à Terceira foi um salto. Numa das mais rápidas viagens de avião das nossas vidas, voámos com a Sata pouco mais do que quinze minutos. Bem melhor do que a cerca de hora e meia perdida no aeroporto da “Ilha do Dragão” com umas "reservas" que tinham sumido dos computadores..
Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Terceira
Já belissimamente instalados na Pousada de São Sebastião, que mistura de forma sofisticada a velha construção militar do forte seiscentista com a arquitectura contemporânea, os jornalistas foram presenteados com um saboroso jantar no restaurante “Castelinho”.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - TerceiraO anfitrião António Neiva, director desta Pousada de Portugal, acompanhou-nos no saborear de um Estaladiço de Queijo (de queijo fresco, beringela e massa folhada, com um toque a caril) e de uns Filetes de Veja, panados em farinha de milho e acompanhados com legumes em polme, uma receita do chefe David Pereira.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Terceira

De novo no autocarro, Pires Borges guiou-nos sabiamente pela ilha. Depois de um simpático almoço no restaurante “Caneta”, rumámos ao interior do vulcão conhecido como Algar do Carvão, mais um tesouro terceirense candidato a Património Mundial. E ainda demos um salto às Furnas do Enxofre.

Vários miradouros depois, foi tempo de adrenalina na corrida de touros à corda em São Mateus. O touro apareceu tímido e só com um corno, o que empobreceu o espectáculo.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - TerceiraCafé Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Terceira

Final do dia com uma visita ao fantástico “museu” da Quinta do Martelo, recuperada com visível paixão por Gilberto Vieira.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - TerceiraDas entradas tradicionais degustadas na conservada mercearia da Quinta, subimos ao restaurante para nos deliciarmos com uma sopa de legumes e uma alcatra à moda da Terceira. Eram todos produtos da quinta, desde os ovos aos enchidos, e de sabor genuíno, a merecer o elogio unânime.

Partimos para a Pousada, para recuperar forças para um domingo de programa cheio na Terceira, já quase em final de aventura.

Texto e Fotos: Alexandre R. de Almeida e Raquel C. do Rio
Roteiro de Viagem da Aventura Açores

Em jeito de poema, sobre a Aventura Açores. Vem da Serreta, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Azoriana E aqui se responde:

Cara Azoriana,

Mais uma vez obrigado pelas suas palavras mas, sobretudo, pela sua atenção e... pachorra!

Em abono da verdade, diga-se que tivemos algumas dificuldades com o tempo (o atmosférico e o outro) quando demos a volta ao concelho de Angra do Heroísmo (sábado, 10 de Maio de 2008). Melhor sorte tivemos no dia seguinte (talvez por ser domingo de Espírito Santo) quando percorremos o da Praia da Vitória. Ou, ainda, no derradeiro dia da nossa presença nos Açores (12), que dedicámos à Cidade Património Mundial.

Manda a verdade que se refira que, no computo geral e em 12 dias de estada, só dois deles foram ingratos (em termos meteorológicos)- o 1º tinha sido logo à chegada ao Faial. Mas as notícias que chegavam do continente falavam de alguns dias de borrasca do outro lado do mar... Desta vez, ganhou o sol nos Açores.

No sábado que dedicámos ao périplo pelas terras do seu concelho valeu-nos a sabedoria do Pires Borges, guia sabedor e atento, que foi alterando o itinerário conforme se adivinhavam sinais de aguaceiro ou encobrimento total. E foi assim que aos jornalistas participantes da Aventura Açores puderam ser mostrados alguns dos pontos de maior relevância (paisagística e de património natural) de Angra.

Dos relatos que vierem a surgir nos diversos meios de comunicação sobre este Passeio de Jornalistas iremos fazer eco aqui no blog. Por enquanto estão apenas a surgir impressões pessoais pensadas para este Netecafé (cada vez mais frequentado). os prato de sustância ainda estão a ser confeccionados... para serem servidos a seguir.

Bons apetites.

Rui Dias José
Roteiro de Viagem da Aventura Açores

19 maio, 2008

Moncorvo: Viver no Douro Superior, resistir no Nordeste, acreditar no Futuro!

A revista "O Escanção" dedicou 3 páginas à reportagem sobre o Passeio de Jornalistas em Moncorvo.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Moncorvo - revista «O Escanção»Um trabalho assinado por Santos Mota que pode ser consultado na íntegra aqui.

Em São Jorge: beber o verde dos pastos, mergulhar as fajãs, provar o queijo, ir às sopas do Divino...

Ir para o inícioCafé Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Pico

No dia seguinte, ainda mal recompostos da festa, soltámos amarras do Pico e navegámos no “Ilha Azul”até São Jorge. No grande navio, éramos praticamente os únicos passageiros.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - São Jorge
Nos três dias que passámos naquela encantadora ilha verdejante, saltitámos de miradouro em miradouro, apreciando a fantástica paisagem, entrecortada pela melancolia das vacas a pastar.


Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - São JorgeE fizemos um périplo por tudo o que era queijaria, para saborear o ex-libris da região, vulgarmente conhecido como “queijo da ilha”, mas que na verdade é de “São Jorge”. O verdelho e o vinho de cheiro continuaram sempre connosco.


Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - São JorgeO bom tempo ajudou a desfrutar o panorama sobre as fajãs, outra imagem de postal ilustrado desta ilha, que fica para a posteridade na memória de quem lá esteve e no registo fotográfico dos incensáveis repórteres, que não pararam de “disparar” as suas máquinas. Milhares de fotos testemunham já esta nova aventura de jornalistas pelo grupo central do arquipélago.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - São JorgeDurante o Passeio, que visitou também pela colecção de arte do pároco da Velas e várias lojas de artesanato local, não faltou uma prova do café cultivado artesanalmente na Fajã dos Vimes.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - São Jorge






Forte e de fazer inveja aos melhores.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - São JorgeQuinta-feira foi dia de Função, em Santa Rita, com sopas do Espírito Santo servidas a quem passava, na filosofia da partilha do pão, da carne e do vinho (… de cheiro), que inspira estas celebrações. Na freguesia que nos acolheu estava prevista a distribuição de 720 quilos de carne de vaca, 200 pães de quilo e meio, 300 litros de vinho e 50 quilos de tremoços. Estes são cozidos em lenha ao longo de várias horas e depois deitados ao mar, em sacas de serapilheira, onde ficam a salgar durante três marés.

Pelo meio, ouviram-se estórias das festas, que permitiram aos marinheiros do continente perceber melhor o espírito destes rituais, que trazem às ilhas muitos visitantes e filhos da terra, que regressam nesta altura para matar saudades.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - São JorgeO castiço João Brasil, de 73 anos, 11 dos quais passados na Califórnia, EUA “a tratar as vacas e a terra”, contou aos jornalistas algumas das peripécias da Função, muitas das quais acabam vertidas com malandrice nas quadras cantadas pelos “Bandoleiros” ou em “trocas de mimos” violentos entre os convivas, sempre com o vinho de cheiro a ajudar.

Inexcedíveis, a vereadora “Belinha” e o Paulo Silveira, da Câmara Municipal das Velas, acompanharam-nos e “apaparicaram-nos” dia e noite. Fica a saudade e a promessa de voltar.

Texto e Fotos: Alexandre R. de Almeida e Raquel C. do Rio
Roteiro de Viagem da Aventura Açores

16 maio, 2008

Nas Lajes do Pico, defronte do mar, um velho baleeiro...

As duas torres da igreja sobressaem por cima das casas, sótãos pintados feitos em madeira. Do outro lado das rochas de lava, o oceano, bravo. Imenso. Não há rasto das baleias. Há tempos que a Cigana não sai a navegar.
Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Pico
Ao longe, um rosto inundado de rugas mergulha nas recordações de outros tempos. Sob o chapeuzinho de palha, um olhar de saudade. Cabelos brancos. Barba por fazer. Descansa de uma vida cansada, sentado tranquilamente a beira de uma cadeira. E junto ao caminho, bordeando uma casa de pedra, as hortênsias teimam em não dar flor. Na mesa, um copo de vinho e um pedaço de queijo. Duas vacas namoram com o verde da paisagem, do outro lado do muro. Ao longe, as cores misturam-se.

Azul atlântico. Como os seus olhos. O velho baleeiro fecha-os e sonha. Falta-me o seu nome. Recorda os tempos de mar quando o foguete disparava. Lembra-se da rapidez com que as suas pernas agora murchas o levavam até a embarcação. Sobravam os segundos. O dorso da baleia surgia entre as ondas. Os homens preparavam-se para a caça. Luta entre lutadores. Vencedores ou vencidos.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - PicoE o Pico, tão perene. Tão fiel à paisagem. Hoje está envergonhado e não quer aparecer por completo. Começa a ficar tarde. O sol esconde-se do outro lado da montanha. E o baleeiro, mãos trémulas, dedos grossos, levanta-se da cadeira. Regressa ao pequeno lar. Suspira e despede-se do seu mar.

Nesse momento, o nosso autocarro passa junto à sua casa de pedra. Durante esses instantes consigo apenas ver as duas vacas e a mesa, copo vazio e no prato já não há queijo. Mas ainda tenho tempo para contemplar o seu rosto cheio de rugas, sorrindo, um segundo antes de fechar a porta.

Eu, sem querer, também estou a sorrir. Então, levanto a vista e nesse preciso instante, entre as ondas, parece-me ver o dorso de uma baleia. Mas ela, tímida como o Pico hoje, esconde-se antes de eu poder avisar da sua presença...

Texto e Fotos: Virgínia Lopez e Vasco Simões

Roteiro de Viagem da Aventura Açores

15 maio, 2008

O Regresso aos Açores ou... de como um jornalista também tem direito a sentimentos, emoções e memória


Alguns jornalistas que comigo abalaram nesta Aventura Açores estranharam a largueza do cumprimento que me foi dispensado pelo porteiro da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo quando nos reencontrámos na visita àqueles Paços do Concelho. Somos conhecidos velhos... E ele já me ajudou a resolver muitos problemas logísticos em emissões de rádio diversas (para a Antena 1 do Continente e dos Açores).

Foi para mim estranho e aliciante a um tempo ver-me de novo naquela Salão Nobre que - a par da Praça Velha - já foi cenário de alguns dos meus labores profissionais. Mas, desta vez, estava ali para uma magnífica aula desse Grande Senhor que dá pelo nome de Pires Borges (um misto de cultura e humanidade com abertura de espírito para uma piada acerada ou uma brincadeira ingénua).

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Não me venham com essa de que, em nome de objectividades e distanciamentos, um jornalista tem de ser castrado de sentimentos e emoções. Isso, cidadão no pleno uso dos meus direitos pessoais e cívicos, não aceito. E já não tenho idade para emendas...

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Cada ida aos Açores é uma romagem por alguns rostos que me habituei a respeitar (outros... nem por isso). E que sorte eu tenho de ter conhecido alguns deles...


Gostava de me ter reencontrado, em São Jorge, com um continental que avistei ainda gerente bancário na ilha que tinha adoptado como sua. Foi ele que, nos idos de 80, me ensinou as fajãs e o polvo do Alberto (na do Ouvidor). Foi ele que me ensinou a gostar dos Açores e a lá voltar sempre que posso.

Fui recebido em casa de Orlando Bretão e ainda devo simpatias ao irmão, naquelas fugazes passagens pelo Aeroporto das Lajes. Não consigo esquecer que estava em Angra na noite do mais recente sismo do Faial - em trânsito para um Feira Franca nas Flores. Ou que me coube a mim, oito dias depois da tragédia, assegurar umas 3 horas de directo (num sábado) e mais umas duas no domingo, na Ribeira Quente. A meias com a Judite Jorge, naquele café em que as cores do vestuário negro do empregado me diziam que ele era o irmão e o tio da mulher e da criança que haviam morrido soterrados, com pai e marido nas lides na pesca e a só saber da notícia depois do regresso a terra.

Os meus Açores são sentimentos, memórias de deslumbramentos e conversas, conhecimentos travados à pressa - porque o tempo era escasso e a ânsia e os limites eram muitos.

Numa noite conhecia o professor José Bértolo, no balcão do Café de Santa Cruz da Graciosa, para na noite seguinte estar naquela suculento jantar confeccionado pelo guarda fiscal, e que havia de terminar num piano dolorido com umas notas difíceis ... que os dedos já não ajudavam. A mesma Santa Cruz a que haveria de voltar para ver o Padre Simões Borges quase esquecer um casamento porque havia umas cordas de viola da terra para fazer vibrar e viver. em directo para o mundo língua portuguesa

Tive a dita de poder conviver com um velho marinheiro (que nunca pilotou nenhum barco mas velou por bastantes) João Quaresma da Madalena do Pico. Honro-me das conversas com Ermelindo Ávila, da navegação com Mestre Augusto - naquela lancha carregada de jornalistas a caminho do Corvo - dos encontros com José Azevedo (o Peter). Orgulho-me de ter privado com esse maestro da gastronomia e da arte de bem receber e de bem passear (tão maltratado pela vida, pelas promessas dos políticos e pela agiotagem bancária) o Garcia do "Snack Bar Pico". Não esqueço aquele mestre do "Terra Alta" que me guiou na minha primeira navegação no Canal de Nemésio e me ensinou o que era um "boca aberta".

E recordo cores, cheiros, sons e sabores... Como pode um homem deixar esvair a memória de um pôr do sol na Fajã Grande das Flores, uma descida à Caldeira da Graciosa, uma lagoa de São Miguel, o negro e o suor dos currais do Pico, a Praia Formosa de Santa Maria, o verde intenso São Jorge, as vistas do Porto da Horta, as ruas de Angra ou os horizontes da Serra dos Cumes? Como pode um homem esquecer a intensidade daquele serão corvino onde a "Saudade" cantada e dançada era catarse, angústia e alegria a um tempo só. Que saudades… Dr. Cardigos.

Por tudo isto, mas sobretudo pelo que não cabe aqui (ou que eu não quererei desvendar em público - afinal sou um tímido e os Açores são a melhor terra para namorar e acariciar) tinha de ser feito este regresso ao arquipélago.

Ainda não sei como é que vou conseguir os financiamentos, mas garanto que daqui a uns dois anos o Passeio de Jornalistas vai estar de novo nas Ilhas de Bruma. Podem estar certos disso!

Até lá!

Destaque para o PASSEIO DE JORNALISTAS na imprensa Açoriana

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Jornal "A União"
O Passeio de Jornalistas nos Açores foi notícia de destaque na edição de 14 de Maio do diário açoriano A União.

Na fotografia de capa retrata-se a visita, dos profissionais da Comunicação que integraram a Aventura Açores, a uma padaria artesanal da Ilha de São Jorge onde estava a ser confeccionado o pão e a massa sovada destinados às Sopas do Espírito Santo.

Além da referência de 1º Página. aquele matutino dedica uma página inteira à iniciativa que levou uma vintena de jornalistas a quatro ilhas dos Açores. Pode ser consultada aqui.

14 maio, 2008

Uma noite de tertúlia, depois de muita paisagem, histórias de cachalotes e mimos de artesanato...

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - PicoProssegue a viagem, já no quinto dia.

Bem cedo, zarpámos da Madalena em direcção a São Roque, a terceira freguesia da Ilha do Pico, novamente à “caça” das baleias… e do vinho.

O Pico, lá no alto, continuava envergonhadamente escondido atrás das nuvens. Dentro do “navio”, neste caso a camioneta de “São Roque em Movimento”, pairava a música popular açoriana, entrecortada pela voz cantada da guia Evelina, sempre com a informação precisa e a piada na ponta da língua.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - PicoPara não variar, no percurso provou-se o queijo e o verdelho, na Adega da Buraca, que guarda algumas das tradições do vinho num núcleo etnográfico, e onde, a par de utensílios de outra época, uma artesã cardava e fiava a lã.

A quebrar a rotina de noites anteriores, estes “marujos” improvisados foram conhecer a verdadeira tertúlia picoense, num jantar de caldo de peixe na adega do Fernando (Andrade), padeiro de profissão e amigo da rambóia entre confrades.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - PicoNestes convívios na adega, em que cada um oferece os seus produtos e os seus préstimos, normalmente não entram mulheres. A excepção foi aberta para as jornalistas do Passeio.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Pico

Do magnífico caldo de peixe acompanhado por vinho de cheiro, passou-se à tertúlia, com o engenheiro “Zé” Gaspar, de guitarra na mão, a cativar e a divertir os presentes com várias cantigas e histórias brejeiras.

João Garcia, antigo taxista e cunhado do anfitrião, cantou fados em tom marialva, um dos quais a meias com o fotógrafo Vasco. E até o Antunes Amor (era a noite da fotografia...!) não resistiu à tentação e aviou dois poemas: um de Fernando Pessoa e outro de João de Deus.

A noite acabou tarde, já no café das brasileiras (mãe e filha), que fazem o encanto dos tertulianos que tão bem nos receberam.

Texto e Fotos: Alexandre R. de Almeida e Raquel C. do Rio
Roteiro de Viagem da Aventura Açores

Nos Biscoitos: provar vinhos e vinha em dia do Espírito Santo...

Como o, também terceirense, BAGOS D' UVA viu a passagem do Passeio de Jornalistas pela ilha - com relevo especial para a incursão até aos Biscoitos em domingo do Espírito Santo:

Para ler, clique na imagem.
Roteiro de Viagem da Aventura Açores

As boas vindas da "Azoriana"



Referência à Azoriana
e ao seu blogue sobre a açorianidade.

Sempre atenta à Aventura Açores, foi ao nosso encontro em Angra para desejar boas-vindas e boas descobertas na sua ilha.

Um dia destes
(re)encontramo-nos na Terceira!


Roteiro de Viagem da Aventura Açores

13 maio, 2008

Do negro do basalto nascem vinhas e histórias baleeiras. É a Ilha do Pico!

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Pico
Da Horta zarpámos para o Pico em busca da Madalena, que nos recebeu com um sol caloroso.

Acompanhados da animada e sabedora Evelina, uma picarota de mão cheia, fomos até ao Museu do Vinho e ficámos impressionados com os gigantescos dragoeiros que se encontram no local. Mais impressionados, ainda, com a força e a determinação das várias gerações de picarotos, que ao longo de muitos quilómetros lutaram contra as rochas basálticas e as venceram, empilhando-as em pequenos currais onde despontam poucos pés de vinhas, das castas verdelho e outras trazidas de fora.
Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Pico
A seguir, e como não podia deixar de ser nesta ilha, embrenhámo-nos ainda mais na lava, na profundeza da Gruta das Torres.

Os “espeleólogos” do Passeio dos Jornalistas avançaram de pedra em pedra pelo tubo criado pela lava na última erupção vulcânica na ilha, ocorrida nos princípios do século dezoito.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - PicoExplorada a Madalena, o programa virou-se para as Lajes. De manhã cedo, Rui Dias José, o “timoneiro” desta aventura, lançou o foguete, aos estilo dos velhos baleeiros, e os intrépidos jornalistas largaram tudo (até o pequeno almoço) para partir à descoberta das baleias.

Debaixo de chuva forte entraram para o autocarro. Ao longo do caminho, o tempo foi melhorando e, com as Lajes à vista, vislumbraram-se os primeiros raios de Sol do dia.

Na antiga Fábrica da Baleia, onde pudemos viver as memórias do tempo em que a baleação era o modo de vida, um dos marinheiros, neste caso o Mário, não resistiu à curiosidade que matou o gato e mergulhou os dedos num óleo que não era de baleia, mas sim de motor, e que repousava numa das peças artísticas que ali estavam expostas.
Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Pico
Da Fábrica da Baleia, já acompanhados pelo chefe de gabinete da Presidente da câmara local, descemos para o Museu dos Baleeiros, aberto propositadamente para a visita dos jornalistas.


Mais uma vez conseguimos contactar com a memória da vida dura dos destemidos habitantes que caçavam baleias e cachalotes em pequenos barcos.

A aventura ia prosseguir segunda-feira, 05 de Maio, em direcção a São Roque do Pico.

Texto e Fotos: Alexandre R. de Almeida e Raquel C. do Rio
Roteiro de Viagem da Aventura Açores

O mar e os barcos, o vulcão e o gin. Era começo e... Faial! Chovia.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - FaialÀ chegada ao Faial, o tempo não prometia. E cumpriu…

O primeiro dia passou-se quase todo em circuito de autocarro, mas deu para espreitar praticamente todas as freguesias. Sempre através do vidro, que a chuva miudinha e persistente não permitia grandes atrevimentos… Mas estava lá tudo: as pachorrentas vaquinhas, os vários tons de verde e o contorno do mar a acompanhar-nos no percurso da estrada.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - FaialNão faltou a visita aos Capelinhos, para ver o que resta do conhecido vulcão… mas à distância. É que até Junho decorrem as obras do novo centro de interpretação do vulcão, impedindo os visitantes de se aproximarem do farol.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - FaialDe regresso à Horta, apercebemo-nos num curto passeio porque é que os responsáveis locais querem apostar nas actividades náuticas. Os iates e veleiros ancorados eram de arregalar os olhos e de deixar roído de inveja o mais desprendido dos seres.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Faial




Tempo de pausa no Peter’s para saborear o ex-libris da ilha, o gin, apreciar o cosmopolitismo patente nos rostos de muitas nacionalidades, bandeirolas e objectos trazidos de todo o mundo para este conhecido bar, que acolhe no piso superior uma magnífica colecção de “scrimshaw” (gravações em dentes de cachalote). José Azevedo, bisneto do fundador, até tem medo de a avaliar.

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Faial“O Mundo é feito de 70 por cento de gin, o restante é água tónica”, alerta-se no bar.

Do Peter’s “navegámos” até à Pousada de Santa Cruz, a poucos metros, num forte magnificamente restaurado, que acolheu estes cansados “marinheiros” e os encantou com uma deslumbrante vista sobre o porto.


Texto e Fotos: Alexandre R. de Almeida e Raquel C. do Rio Roteiro de Viagem da Aventura Açores

09 maio, 2008

No Faial, o PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores é noticia na RDP

boomp3.com Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Faial
Monte da Espalamaca,
Faial, 02/05/2007

Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS nos Açores - Faial

Roteiro de Viagem da Aventura Açores