A terra, agora animada pela velocidade e proximidade proporcionadas por um IP, respira depressa. É que se trata de um dos concelhos beneficiados, do lado português, pelo “grande lago” do Alqueva, como aqui e ali se ouve com uma entoação de orgulho (e expectativa, que, por enquanto, é dominante). Ou seja, o marasmo de outrora, com verões em que a torneira nem pingava, dá lugar, a pouco e pouco, a barcos com motor fora de borda, projectos de empreendimentos turísticos, um mar de dinheiro. E tubarões, que esta água toda atrai estes bichos: os grandes no ramo das férias e lazer instalam-se.
O presidente da Câmara quer mostrar-nos que é verdade. Leva-nos pela mão, de passagem pelo património de Vera Cruz, mais as suas heranças dos Hospitalários e o pedaço de lenho que sobrou das cruzadas. O antigo centro religioso e fortaleza lá continua, agora sob o olhar atento da autarquia que não deixa de apostar no lado seco do concelho, porque o turismo certamente não será só ir a banhos na barragem. Portanto, avançam projectos de estudo e divulgação.
Os exorcismos que deram fama a Vera Cruz estão hoje fora de moda, mas há a memória dessa crença que levava gente de todo o lado à terra, à espera de influência benéfica por sortes do pedaço da vera cruz de Cristo – alegadamente colhido nas andanças de conquista da Terra Santa, ou de Fé extremada.
E Alqueva, enfim, que eu nunca tinha visto assim, a dar água pelos joelhos da Amieira, uma das freguesias portelenses, em margem que era do Degebe, e onde assentou arraiais uma das tais empresas viradas à água. Porque se trata de um relato, não de um relatório, deixem que assinale aqui uma breve passagem por uma indústria de mel – e que é bom, sim senhores. Até dá para aparecer nas lojas gourmet associado a uma outra etiqueta, lá da Serra da Estrela, o que é prova de estaleca.
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