19 junho, 2006

PASSEIO DE JORNALISTAS
ao barrocal e à serra algarvia (4)

Algarvios, um povo que somos,
uma memória que fala.

IR PARA O PRINCÍPIO


Quem sabe (quem ainda se lembra) que o esparto - uma espécie de capim (erva alta) já quase inexistente - servia para fazer cestos e carpetes?
Eu tenho um cesto. Mas todos nos lembramos daquelas carpetes redondas, com desenhos floreados, a parecer junco fino ou sisal.
Para que ficasse com aquele aspecto, o esparto era batido e secado, transformando-se numa matéria de tecelagem parecida com o sisal.
A “Casa da Memória” fala-nos disto e das vivências das gentes algarvias do interior, os hábitos, os artefactos, os modos de vida…a cozinha (com todos os objectos que se utilizavam), tudo coisas que caracterizavam um modo de vida e sobrevivência daquela zona serrana.

Em Alte , ainda restam as marcas... num lugar onde duas ruas estreitas se cruzam e dois rochedos (agora quase aborvidos pelas construções dos muros) lembram que ali as mulheres batiam, até à exaustão, molhos de esparto.

Fotos: Antunes Amor
(direitos reservados)

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03 junho, 2006

PASSEIO DE JORNALISTAS
ao barrocal e à serra algarvia (3)

De pernas cansadas e coração aberto,
com turistas em safari
e doces de alfarroba...

IR PARA O PRINCÍPIO

Como mandam as regras, Alte foi percorrida a pé. com vagar para antigos gestos e práticas (Museu do Esparto), para o artesanato ou a pintura em azulejo. Com atenção para as tentativas de criação de estruturas capazes de atrair visitantes, como os anfiteatros para espectáculos e concertos (na Fonte Grande e na Fonte Pequena) que revelam o esforço dos autarcas. Mas o passeio, pelos declives acentuados, não foi fácil... não senhor.
Sempre interessantes as chaminés, a suscitarem o curioso entretenimento de encontrar diferenças e semelhanças entre elas. Não há duas iguais...
No centro, masquei, uma alfarroba - “um fruto para burros e cavalos e eu ainda não tenho quatro patas", dizia-me o Rui Dias José, o organizador deste “Passeio” no seu tom brincalhão - mas que tanto me deu prazer, talvez porque sou filha de agricultor e não me sai este carimbo de infância: quando o meu pai comprava ração de alfarroba para os animais. ”Olhe que isto dá prisão de ventre…” avisou-me a jovem que mostrava no balcão algumas amostras de produtos algarvios serranos. Não me importei e gostei. Como também gostei de saber que se faz um tipo de farinha muito fina de alfarroba, uma raridade, para pôr no leite como se fora cacau. Hoje em dia, com base na alfarroba, fazem-se tartes, doces, gelados... e outras gostosuras de alfarroba.
Com surpresa cruzavam-se jipes de turistas (maioritariamente idosos) em visita a Alte e os seus arredores serranos. Chamam-lhes safaris, o que originou alguns momentos de humor em relação a eventuais feras a encontrar: "Será que vão à caça ao javali ou ao lince?", perguntava-se.

Mas também encontrámos muitos estrangeiros fazendo percursos pedestres pelos caminhos serranos. E há dezenas de percursos devidamente organizados e acompanhados.

Fotos: Antunes Amor (direitos reservados)

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Rui Dias José,
nas palavras de um velho camarada de profissão...

SANTOS MOTA, Revista "O Escansão" (Ler mais)