Prossegue a viagem, já no quinto dia.
Bem cedo, zarpámos da Madalena em direcção a São Roque, a terceira freguesia da Ilha do Pico, novamente à “caça” das baleias… e do vinho.
O Pico, lá no alto, continuava envergonhadamente escondido atrás das nuvens. Dentro do “navio”, neste caso a camioneta de “São Roque em Movimento”, pairava a música popular açoriana, entrecortada pela voz cantada da guia Evelina, sempre com a informação precisa e a piada na ponta da língua.
Para não variar, no percurso provou-se o queijo e o verdelho, na Adega da Buraca, que guarda algumas das tradições do vinho num núcleo etnográfico, e onde, a par de utensílios de outra época, uma artesã cardava e fiava a lã.
A quebrar a rotina de noites anteriores, estes “marujos” improvisados foram conhecer a verdadeira tertúlia picoense, num jantar de caldo de peixe na adega do Fernando (Andrade), padeiro de profissão e amigo da rambóia entre confrades.
Nestes convívios na adega, em que cada um oferece os seus produtos e os seus préstimos, normalmente não entram mulheres. A excepção foi aberta para as jornalistas do Passeio.
Do magnífico caldo de peixe acompanhado por vinho de cheiro, passou-se à tertúlia, com o engenheiro “Zé” Gaspar, de guitarra na mão, a cativar e a divertir os presentes com várias cantigas e histórias brejeiras.
João Garcia, antigo taxista e cunhado do anfitrião, cantou fados em tom marialva, um dos quais a meias com o fotógrafo Vasco. E até o Antunes Amor (era a noite da fotografia...!) não resistiu à tentação e aviou dois poemas: um de Fernando Pessoa e outro de João de Deus.
A noite acabou tarde, já no café das brasileiras (mãe e filha), que fazem o encanto dos tertulianos que tão bem nos receberam.
Texto e Fotos: Alexandre R. de Almeida e Raquel C. do Rio
Roteiro de Viagem da Aventura Açores
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