Ir para o início | Em vésperas de partida da Ilha Terceira , os jornalistas do Passeio vêem desfilar paisagens em forma de manta de retalhos onde os muros de pedra tomam o lugar das linhas de coser, intercalando pedaços de terra amarelados, verdes, castanhos e vermelhos A estrada segue pelo meio das criptomérias, com antigos vulcões como fundo, até chegar aos Biscoitos. Nesta localidade, assente em terrenos de lava cristalizada produz-se vinho branco verdelho em curraletas de lava que fazem lembrar o Pico e servem, também aqui, para proteger as videiras e reter o calor. “Nos Açores não há bons vinhos tintos”, diz-nos convicto Luís, que se apresenta como “discípulo de Baco” mas é também o ilustre representante da família Brum que impulsionou este Museu do Vinho onde parámos. E porque hoje é domingo e se festeja o Espírito Santo, ainda há tempo para ver passar a procissão, com pagens, mordomos e convidados vestidos a rigor. Nas piscinas naturais, o cenário idílico só é perturbado pela falta de asseio de banhistas e visitantes que “esquecem” latas de cerveja nos locais mais inapropriados. Continuamos pela orla marítima até nova paragem, desta vez nas Lajes, onde vemos passar nova procissão e os jornalistas aproveitam a generosidade açoriana para regressar ao autocarro abastecidos com pães, tamanho família, e ideias para partilhar. A custo, levantamo-nos a seguir ao almoço, ainda mal digerido, para visitar a Praia da Vitória. Visitámos a casa onde nasceu Vitorino Nemésio, um local descaracterizado e a precisar de uma boa aposta a nível de conteúdos que mostrem aos visitantes um pouco da presença do escritor de “Mau Tempo no Canal”. Nas Varandas da Cidade, abarcamos a Praia da Vitória num só relance. Salta à vista, o areal bordejado pelo mar convidativo que, por hoje, fica novamente à distância. Nova pausa, num Museu que retrata as tradições carnavalescas da ilha, e mais tempo para o passeio até ao entardecer, altura de regresso à Praia da Vitória para jantar num clube naval, na companhia do presidente da autarquia, Humberto Monteiro. Ainda na terceira, é dia de nos despedirmos das ilhas, já com saudades dos 12 dias que aqui passámos. Pires Borges volta a guiar-nos com mestria (desta vez a pé) pelas ruas de Angra do Heroísmo, onde o património bem preservado quase faz esquecer o violento sismo que arrasou a cidade em 1980. “Que património fantástico”, “Que bonito”, “Que casa magnífica”, foram alguns dos comentários ouvidos entre o grupo. O restaurante Beira Mar, com uma vista privilegiada sobre a baía, acolhe-nos na última refeição que o grupo de jornalistas partilhou neste passeio (tirando a “magnífica” sandes no avião). E muito bem! A sopa do mar servida num “tacho” de pão foi de comer e chorar por mais. Deliciámo-nos ainda com o mero grelhado, o polvo grelhado com molho de escabeche e um saboroso pudim de feijão à sobremesa. O Forte de São João Baptista foi a derradeira paragem da nossa visita à Terceira. Fica-nos na memória, a frase dos que resistiram ao domínio filipino e que serve de divisa aos Açores: “Antes morrer livres que em paz sujeitos”. |
Alexandre R. de Almeida e Raquel Calçada do Rio |
Roteiro de Viagem da Aventura Açores
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