16 novembro, 2008

Memória de uma celebração do Porco Preto - Alentejo - Benavila - 1990

Com a chegada do frio vinha o tempo das matanças de porco. Antes do advento das arcas frigoríficas... frio, salga e fumeiro eram os únicos factores de conservação de uma carne que tinha de dar para um um ano inteiro, desempenhando um papel essencial no sustento (na mantença) das famílias rurais.

Não admira por isso que os ciclos da matança tenham ganho contornos de festa, marcados por momentos de convívio, com rituais próprios e gastronomia adequada.

CAFÉ PORTUGAL - Celebração do porco - Benavila - 1990

Já passaram quase 20 anos sobre aquele frio mês de Dezembro em que desafiámos umas duas dezenas de jornalistas para uma celebração do porco em Benavila, por terras de Portalegre...

Uma ode ao porco preto de montado. Daqueles a sério, alimentados a bolota e criados - livres - entre chaparros!

Aqui, nas imagens do Antunes Amor.

2 comentários:

info-excluído@pessoa disse...

Só uma pergunta: já não se fazem estas matanças por aquelas paragens?

(ou 'vão-se fazendo', mas sem os jornalistas? - afinal foram duas perguntas.)

Obrigado.

Unknown disse...

Penso que qualquer pessoa, medianamente informada, sabe que durante mais de 10 anos estiveram proibidas as matanças de porco: o abate de suínos só podia ser efectuado nas PEC. O que não que dizer que elas não tivessem continuado a acontecer de modo clandestino.

Bem à portuguesa, ao invés da coragem e da acção para obrigar à rectificação de uma Lei absurda, optou-se pela clandestinidade e pelo fazer de vista grossa... para que nada de grave acontecesse e tudo continuasse na mesma.

Existiram, porém, algumas actuações públicas assumidas como forma de resistência a uma legislação que muitos consideravam desapropriada e ilegítima. Casos houve em que a actuação policial se não fez discreta nem tímida. Por exemplo, há uns 4 anos, foi notícia em tudo o que era meio da Comunicação Social o aparato bélico com que a GNR cercou o local (na Amareleja) onde acontecia uma matança de Porco Preto promovida por uma Confraria Gastronómica alentejana.

Recentemente foram autorizadas (com regras bem apertadas e requisitos extremos) as matanças domésticas e as matanças turísticas. Embora eu as preferisse antes da obrigatoriedade dos aventais de plástico - que se não funcionam como adereço ou ornamentação também não acrescentam nada à defesa da Saúde Pública - há uns tempos atrás o Passeio de Jornalistas contou com uma outra celebração do porco (de novas regras e artes).

Permita-me apenas que encerre com duas nota finais:

1. O conjunto de fotografias que agora recuperamos é importante apenas porque documenta de forma magnífica um evento ocorrido hà cerca de 20 anos e que é - naqueles termos e naquelas condições - impossível de reproduzir hoje. Vinte anos depois, aquelas fotografias transformam-se em documentos que contam com pormenor um acontecimento localizado, datado e irrepetível (como por definição são todos os acontecimentos). Neste caso, como noutros, até por causa de um pormenor decisivo - alguns dos seus intervenientes já nem sequer estão entre nós.

2. É normal que no meu blogue dê especial atenção às acções de divulgação do país interior que eu promovo. Reconhecendo ao outros o Direito de promover idênticas/semelhantes iniciativas e de as divulgarem pelos meios que preferirem.
O Passeio de Jornalistas esteve interrompido entre 1996 e 2006... e nesse período não me recordo de nenhuma acção continuada e sistemática que pretendesse sensibilizar os profissionais da comunicação social para as realidades do país que se faz e constrói longe das auto-estradas. Por isso, não sei se seremos os melhores, mas tenho a certeza que somos os únicos!