Os socalcos da desilusão |
O que querem mostrar-nos, por aqui, é simples: o Douro está a mudar. Ou, melhor, anda à procura dos caminhos difíceis da vi(t)abilidade económica, cultural e social. Quer virar as costas à desertificação, que não é uma figura de retórica. Basta dizer que em poucas décadas a população de Alijó ficou reduzida um terço.
Apesar disso, o Douro existe, continua belo, produz o grande vinho de sempre, do melhor, faz-se ao turismo, mas deixa cair sinais da sua identidade. É como que uma espécie de desnorte, isto de os velhos socalcos, que tanto ajudaram na consagração da região como Património Mundial, irem cedendo a solução mais fáceis – e mais baratas – de ganhar as encostas com soluções que lhe alteram o visual. Ou de a amendoeira, dizem-nos, ter perdido a importância de outros tempos, das encostas de branco em flor, com a invernia da sua neve. (É que o vinho obriga: as antigas amendoeiras de bordadura dos socalcos foram desaconselhadas/proibidas, porque a sua sombra diminuía o tempo de exposição solar dos cachos).
Há jovens que voltam da conquista da cidade, do mundo moderno do universo do saber, em resposta ao apelo da saudade, do sossego, das promessas de que este mundo é viável. Afinal, o vinho do Porto bebe-se lá para longe do Marão, conquista mundos nos palatos dos especialistas – e isso rende euros e prestígio.
Fotos: Antunes Amor (direitos reservados) | |
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1 comentário:
O Douro passa por aqui e vai, rumo ao litoral.
O Douro, essa força de vida, sempre renovada.
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