"Talvez como ninguém, Dias de Melo soube retratar e enobrecer a vivência picoense, em especial as gentes dos mares, os valentes protagonistas da saga baleeira. E a literatura do século XX perde um dos seus grandes nomes". Palavras agora chegadas das Lages do Pico.
Autor de "uma obra vasta e significativa", "um épico local da faina da caça à baleia", "esteve sempre muito atento ao tempo português e não se limitou a ser um homem insularizado" - dizia dele hoje o escritor João de Melo.
"E, porque sou Povo — do Povo da minha, da nossa Ilha, da minha, da nossa Terra, boa parte dos meus livros aqui, na nossa Ilha, na nossa Terra, se situa"
dizia Dias de Melo em 2001, aquando da atribuição pela Câmara Municipal das Lajes do Pico, do título de cidadão honorário daquele concelho.
Na fachada da sua casa tinha incorporado este poema:
3 comentários:
"Já quando os homens chegaram pela primeira vez à Ilha, a encontraram rasa de pedra, que fora fogo vomitado pelos vulcões: pedras colossais, amontoadas a esmo, à semelhança das que se vêem soltas por cima dos calhaus e dos penhascos da costa (…). – Mas os desgraçados ergueram a fronte. Eram homens (…). Estarraçaram, escavacaram, removeram pedra, abriram caminhos – e a terra começou a surgir! "
Tudo isto é verdade.
E não estaremos todos a precisar de lembrar este exemplo, para levar "isto" para a frente?
Palavras que li, que me ficaram, palavras para meditar...
Mais um grande açoriano que ficará gravado para sempre na memória das gentes. Os seus escritos são épicos à odisseia de um povo que vive agarrado à terra, como as lapas, e que, assim, resiste ao revolver dos tempos.
Dias de Melo constitui-se, a partir de hoje, como mais um elo da longa cadeia de saudades que sinto dos Açores, minha terra natal, ilha Terceira, da Graciosa, minha terra adoptiva, e de todas as ilhas que se irmanam na tradição e no sentimento.
Resta-me a companhia do autor da "trilogia da baleia", na minha biblioteca pessoal e na memória que alimento dos pedaços de terra plenos de humanitarismo, de solidariedade, de apego ao próximo como se de nós próprios se tratasse.
A Dias de Melo, ao Pico e aos Açores, um até sempre.
e só não ficamos mais pobres porque temos muitos vultos que da lei da morte se vão libertando... Deixam-nos o legado dos sentires em forma de arte, como as saudades também.
Bem haja pelo artigo que enriquece quem visita este café.
Abraço
Enviar um comentário