28 novembro, 2006

Entre margens de Alvito e Alqueva...

PASSEIO DE JORNALISTAS em Portel

Entre margens de Alvito e Alqueva...
Com sons de filarmónica e modas dos corais, trepar o Castelo de Portel, voar horizontes do alto de São Bartolomeu do Outeiro, passear montes e aldeias, provar os enchidos, os queijos, o vinho, o azeite e o mel.

18 novembro, 2006

De regresso ao Alentejo...
PASSEIO DE JORNALISTAS vai a Portel

PASSEIO DE JORNALISTAS a Portel
PASSEIO DE JORNALISTAS a Portel
Portel, Querido Portel - Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel
PASSEIO DE JORNALISTAS em Portel
Portel... tinha de ser! Por afectividades, por recordações, por lembranças, por vidas...
Comecei a ir a Portel há uns 20 anos. Ainda o Vidigal Amaro era Presidente da Câmara, o Norberto Patinho (actual edil) estava ligado ao Crédito Agrícola e liderava o Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel, Alqueva era uma esperança adiada e junto ao Largo principal (afinal a estrada para Lisboa) funcionava um dos mais deslumbrantes centros de conversa e convívio que já conheci. Não recordo o nome... mas não esqueci a lareira imensa de ficar sentado a assar chouriços ou o que mais viesse para aquecer o Inverno.
Depois a taberna deu em banco, passaram anos, veio o Hotel Rural, veio a outra barragem (Portel já era banhada pela do Alvito)...
Está na hora de voltar a Portel!

09 novembro, 2006

A Propósito da "Vergonha do Património"

Reflectindo sobre um texto da arquitecta Fátima Veiga aqui no Café Portugal, a propósito da retirada das argamassas que revestiam casas de xisto em Janeiro de Cima (ver), escreve Luís Filipe Maçarico na Albraba:


Aldraba em porta de Alpedrinha

Em 1979 cheguei pela primeira vez a uma vila da Beira Baixa e na altura chocou-me ver a beleza do granito rebocada, asfixiada... porque, diziam as pessoas, a pedra à mostra lembrava tempos de dificuldades e havia que mostrar que esse passado estava longe.
Sem querer impôr o meu gosto estético, entrevistei para o boletim da terra, os jovens da minha idade, filhos dos proprietários, que curiosamente responderam que gostavam de ver a pedra à mostra nas casas dos seus antepassados.
Durou anos este movimento, que veio de dentro da Comunidade. Hoje é possível observar muitas mais casa com o granito à mostra.
Em Montemor-o-Novo, no "casco" velho da cidade, há centenas de aldrabas (vidé revista Almansor nº 4, 2ª série, 2005) que as pessoas não querem substituir por campaínhas, porque o quotidiano é vivido à escala humana, e o toque da velha aldraba sendo familiar, não falha como a electricidade, nem tem um barulho irritante...
Em Miranda do Douro os pica-puortas existem ainda em freguesias do concelho, mas na cidade, são raros os exemplares, porque, segundo me contaram, os habitantes conotaram esses materiais e as portas de madeira com uma época de miséria e agora ostentam-se alumínios diversos, enquanto das portas foram varridos aqueles sinais de criatividade dos mestres ferreiros e de um património identitário do qual afinal as pessoas parecem ter vergonha.
É minha convicção que só se pode amar o que se conhece.
O valor simbólico e a história dos utensílios, têm de ser aprendidos na escola, na pedagogia dos livros, e através de acções de sensibilização junto das populações. Com a intervenção de professores, alunos e associativistas.
Em tempos de aculturação=globalização, uma antiga forma emblemática de construir, caída em desuso e ultrapassada por novos materiais e maneiras diferentes de saber fazer, trazidas de fora, dos países de emigração, começam a ser por vezes defendidas por técnicos de arquitectura e engenharia, e até do IPPAR, que era suposto envidarem todos os esforços (com inteligência e sensibilidade) no sentido da preservação de materiais tradicionais.
O Palácio do Picadeiro em Alpedrinha, em Setembro, recuperado ao fim de décadas de ruína, apresentava um puxador de gabinete de escritório nas portas. Protestei junto do vereador da Cultura do Fundão, a quem entretanto mostrei a exposição de aldrabas, batentes e cataventos que a Associação "Aldraba" teve na Festa dos Chocalhos.
O dr. Paulo Fernandes prometeu rever a opção de quem reconstruiu, no que concerne aos feios puxadores, pouco dignos de um monumento daqueles...
Ao longo de um ano e meio a nossa associação tem chamado a atenção para a história das aldrabas, espelhos de fechadura e batentes. As resistências são imensas e não só em resultado da ignorância.
Em vez de um trabalho de valorização, sem imposições, é claro, pactua-se muitas vezes com o mau gosto, nuns casos. Noutros, em nomes de parques naturais ou centros históricos obriga-se a cargas burocráticas de lana caprina que impedem qualquer alteração.
Infelizmente, este é o país real. Há que insistir na divulgação daquilo que nos parece belo e beneficiador de um sítio, para que as pessoas adiram e mudem. Mas atenção: não se muda quando não se percebe o porquê. As pessoas naturalmente reagem mal a tudo o que lhes cheire a imposição.
Espero ter de algum modo respondido à sua questão, mas prometo aprofundar o debate com os meus colegas da direcção da Aldraba.
E porque não fazermos um dia destes um debate conjunto e ouvir mais pessoas, entendidas nesta matéria, o prof. dr.Joaquim Pais de Brito, director do Museu de Etnologia, por exemplo, o professor dr. Pedro Prista, responsável pelo projecto do Museu de Querença,etc.

Abraço

Luís Filipe Maçarico

Fotografia: Aldraba em porta de Alpedrinha

07 novembro, 2006

As aldeias, o xisto, as casas,
os que lá vivem, os que lá passam...

PASSEIO DE JORNALISTAS no FundãoÉ de louvar em primeiro lugar o mérito do esforço da comunidade do Fundão, para reabilitar algumas Aldeias do seu concelho por forma a integrá-las num Roteiro de carácter patrimonial e de valorização do território construído portugês.
PASSEIO DE JORNALISTAS no FundãoMerecem, por certo, juntamente com a qualidade indiscutível dos seus produtos e da genuína beleza dos seus lugares, destaque e visita.
Mas genuína merecia ser também a reabilitação do seu património habitacional e a revitalização do suporte económico fundamental, que julgo ser ainda a produção agrícola.

PASSEIO DE JORNALISTAS no FundãoSomos conquistados pela beleza doce do imaginário que sobre nós actua ao percorrermos estes lugares.
As nossas muitas carências afectivas, provocadas pela vida urbana, encontram aqui uma pretensa salvação: este reencontro com a Mãe Natureza de que andamos apartados há muito... Mas, e há sempre um mas, não passam de sentimentos passageiros, rápidamente dissipados quando nos deparamos com a nossa incapacidade de renunciar a alguns vícios urbanos adquiridos há já algumas gerações.
PASSEIO DEJORNALISTAS no FundãoQuem poderá dar vida real a estes lugares são os seus filhos aqueles que nela encontram raízes de identidade. É com esses que a verdadeira reabilitação terá sucesso e para esses se deverá criar riqueza - para que não partam e (os que já partiram) retornem, não só na velhice...!!! - e incentivos para um repovoamento com a prata da casa.
PASSEIO DE JORNALISTAS no FundãoO turismo é sem duvida uma fonte de rendimento. Mas não deverá ser a única, porque tem um caracter sazonal e esporádico - funcionando muito por modas... e a sobrevivência das comunidades não pode depender delas.

PASSEIO DE JORNALISTAS no FundãoQuando se fala de recuperação do património habitacional doméstico, o assunto torna-se mais complexo por interferir directamente com um mundo privado do indivíduo e com a sua estrutura social e familiar mais íntima.
A casa, tal como as coisas, não existe por si, existe para servir o homens e é por este criada: um objectos inanimado que só ganha vida pela acção de quem a utiliza, a habita e diariamente lhe imprime alma e transformação.
PASSEIO DE JORNALISTAS no FundãoColocar nestas recuperações a pedra de Xisto (matéria prima utilizada no sistema construtivo cultural) à vista - quando outrora os seus construtores se empenharam em recobri-la com argamassas pintadas de branco, com um sentido estético de mais valia (só não o fazia aquele que, por menos posses, para isso não tinha capacidade econômica) - náo nos levará ao engano acerca da imagem do passado destas aldeias??? Será licito retirarmos os rebocos, as pinturas e os revestimentos das nossas casas de alvenaria de tijolo estruturadas pelos pórticos de betão?
PASSEIO DE JORNALISTAS no Fundão
Na realidade, não parece pretender-se repor a verdadeira imagem mas actuar de uma forma comercial , na tentativa de criação da uma marca facilmente reconhecível e identificadora de um produto que se quer vendável, Mas apenas com dois ou três quartos... não será esta uma actuação fora de escala?
Ora, parece-me de certa forma perverso este pretexto para retirar actuações genuínas dos seu moradores actuais, criticáveis por certo, mas sem dúvida verdadeiras e capazes de fazer reconhecer a realidade deste presente - que um dia será passado - que tem tanto direito de fazer parte da nossa história como o de qualquer outra geração.

Texto: Fátima Veiga (Arquitecta)


Fotos: Antunes Amor (direitos reservados) Clique sobre elas para ampliar

03 novembro, 2006

FUNDÃO:
Muito mais do que "Terra da Cereja"

A descoberta do concelho do Fundão deu-se debaixo de chuva, alguns sobressaltos, mas muita disposição e bom humor por parte da “troupe” de jornalistas encabeçado por Rui Dias José.

Um final de semana proporciona apenas o vislumbre de uma região que é muito mais do que a “Terra da Cereja”.

É que a grandeza da Serra da Gardunha e do Rio Zêzere não conseguem esconder toda a diversidade que contêm esta pequena parte da Beira Interior.

Entre um sobe-e-desce de autocarro e abre-e-fecha do guarda-chuva desvendamos pedaços de sua história, belezas naturais, monumentos e igrejas, singelas casas de xisto, deliciosas iguarias locais, regado com um bom néctar de uvas da região.

Mas como nem só de paisagem vive um lugar, e alías, por trás de um produto turístico bem conseguido está o trabalho das gentes do local, ficámos a conhecer projectos para um desenvolvimento mais responsável, e porque não dizer rentável, que salvaguardam acima de tudo o património natural e humano destas terras pela figura carismática e apaixonante do Vereador da Cultura Paulo Fernandes.

Um capítulo à parte: a surpresa da Casa do poeta Eugénio de Andrade, a Casa das Tecedeiras e as pequenas ruas curvilíneas com suas casas de xisto de Janeira de Cima e Barroca.

Vale a dica: o moderno e acolhedor Restaurante “O Fiado” e sua inusitada apresentação do “Cozido à Portuguesa” no pão e o Bacalhau com Migas.

Finalmente Álpedrinha, enquanto ouvíamos um pouco mais sobre o Palácio do Picadeiro e Chafariz D. João V , de soslaio teimava um dos olhos a apreciar a vista que dava à Igreja Matriz.

E tudo isto
porque gostamos de passear...


(clique nas fotos para ampliar)

PASSEIO DE JORNALISTAS no Fundão
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Diário de Bordo do PASSEIO DE JORNALISTAS NO FUNDÃO

02 novembro, 2006

Vinho e Turismo no Fundão (3)

Ir para o início

Capital da cereja, o Fundão conta, também, desde o tempo dos romanos, com a produção de vinho, constituindo importante referencia da especialidade o povoado de Castelo Novo (que chegou a ser sede de concelho), onde existe uma grande lagariça escavada no granito, de provável

Nem o temporal que fazia...
fez desistir de Castelo Novo

construção entre os séculos VII e VIII, verdadeiro monumento ao vinho que se encontra muito bem preservado, tal como está a suceder no âmbito do projecto Aldeias Históricas de Portugal.


Um tinto do Fundão para brindar
ao PASSEIO DE JORNALISTAS

O vinho tem acompanhado o Homem, ao longo dos séculos, bem podendo dizer-se que na Cova da Beira são diversas as referências antigas à mais sã de todas as bebidas, que serve para que as populações aproveitem os benefícios que a recomendada bebida (apesar das ameaças que sobre ele

impenderam no passado e as que prosseguem no presente) continue a agradar a pobres e a ricos que a ela tenham acesso.

Fotos: Antunes Amor (direitos reservados)

(Clique nas imagens
para ampliar)

Diário de Bordo do PASSEIO DE JORNALISTAS NO FUNDÃO

01 novembro, 2006

Vinho e Turismo no Fundão (2)

Ir para o princípio



O enólogo e o presidente da Adega
Cooperativa do Fundão em conversa
animada com dois jornalistas da
área dos prazeres vínicos: Santos Mota
e (meio escondido) Eduardo Miragaia

Propus-me, neste breve apontamento, aludir a essa excelsa bebida que na Beira Interior e na sub-região vitivinícola da Cova da Beira tem méritos desde sempre reconhecidos, para me referir a alguns vinhos daquela empresa, actualmente com 1206 sócios, que atravessa um bom momento, mercê de gestão técnico-administrativa equilibrada, indispensável para que os recursos se tornem
vantajosos, como resulta da qualidade dos vinhos que bebemos às refeições.

Tratou-se, exactamente, por níveis ascencionais, dos Docs tintos Alpedrinha 2003, Praça Velha (Reserva 2002 e Garrafeira 2000) e Fundanus Prestige (Aragonês e Jaen) 2001, este último muito bom tanto no nariz como na boca,

...e aqui com Rui Dias José

com apreciável volume e persistência longa, a justificarem que o vinho do Fundão acompanhará, com as iguarias regionais bem confeccionadas, o engrandecimento turístico que se observa no concelho.
(Clique nas imagens para ampliar)
Fotos: Antunes Amor (direitos reservados)

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