Ir para o inícioNo dia seguinte, ainda mal recompostos da festa, soltámos amarras do Pico e navegámos no “Ilha Azul”até São Jorge. No grande navio, éramos praticamente os únicos passageiros.
Nos três dias que passámos naquela encantadora ilha verdejante, saltitámos de miradouro em miradouro, apreciando a fantástica paisagem,
entrecortada pela melancolia das vacas a pastar.
E fizemos um périplo por tudo o que era queijaria, para saborear o ex-
libris da região, vulgarmente conhecido como “queijo da ilha”, mas que na verdade é de “São Jorge”. O
verdelho e o vinho de cheiro continuaram sempre connosco.
O bom tempo ajudou a desfrutar o panorama sobre as
fajãs, outra imagem de postal ilustrado desta ilha, que fica para a posteridade na memória de quem lá esteve e no registo fotográfico dos
incensáveis repórteres, que não pararam de “disparar” as suas máquinas. Milhares de fotos testemunham já esta nova aventura de jornalistas pelo grupo central do arquipélago.
Durante o Passeio, que visitou também pela colecção de arte do pároco da Velas e várias lojas de artesanato local, não faltou uma prova do café cultivado artesanalmente na
Fajã dos
Vimes.
Forte e de fazer inveja aos melhores.
Quinta-feira foi dia de Função, em Santa Rita, com sopas do Espírito Santo servidas a quem passava, na filosofia da partilha do pão, da carne e do vinho (… de cheiro), que inspira estas celebrações. Na freguesia que nos acolheu estava prevista a distribuição de 720 quilos de carne de vaca, 200 pães de quilo e meio, 300 litros de vinho e 50 quilos de tremoços. Estes são cozidos em lenha ao longo de várias horas e depois deitados ao mar, em sacas de serapilheira, onde ficam a salgar durante três marés.
Pelo meio, ouviram-se
estórias das festas, que permitiram aos marinheiros do continente perceber melhor o espírito destes rituais, que trazem às ilhas muitos visitantes e filhos da terra, que regressam nesta altura para matar saudades.
O castiço João Brasil, de 73 anos, 11 dos quais passados na Califórnia, EUA “a tratar as vacas e a terra”, contou aos jornalistas algumas das peripécias da Função, muitas das quais acabam vertidas com malandrice nas quadras cantadas pelos “
Bandoleiros” ou em “trocas de mimos” violentos entre os convivas, sempre com o vinho de cheiro a ajudar.
Inexcedíveis, a vereadora “
Belinha” e o Paulo Silveira, da Câmara Municipal das Velas, acompanharam-nos e “apaparicaram-nos” dia e noite. Fica a saudade e a promessa de voltar.
Texto e Fotos: Alexandre R. de Almeida e Raquel C. do Rio
Roteiro de Viagem da Aventura Açores