30 dezembro, 2006

"Cante ao Menino" em Peroguarda

O email dizia apenas:

Rui

Aqui lhe envio algumas fotos da Aldeia de Peroguarda - Ferreira do Alentejo, distrito de Beja, onde assisti ao "Cante ao Menino".
Gente simples e trabalhadora, muita dela já com avançada idade, procura nestas actividades salvar o cante alentejano.
Um abraço,
Carlos Gomes

As fotografias estão aí. Basta clicar nelas para ampliar.

'Café 'Café 'Café
'Café 'Café 'Café
'Café 'Café 'Café
'Café 'Café 'Café
'Café 'Café 'Café
'Café 'Café 'Café

Agradecem-se as fotos daquela Peroguarda de que se guardam imagens e recordações.
Lá passámos (até lá fomos) diversas vezes. Umas a propósito, outras porque nos apetecia que o caminho para o Alvito fosse por ali, passada Ferreira do Alentejo... E sempre olhando aqueles rostos para perceber as razões de Michel Giacometti querer ser enterrado naquele chão. Ele o corso que viveu Portugal.
Entendemos tudo numa emissão do FEIRA FRANCA em Ferreira: porque se a evocação do investigador e caminheiro já era sentida, a memória do amigo toldou olhares de homens feitos e rijos, rolaram lágrimas nos rostos do coral e embargou-se o cante... Foi preciso ir em frente, mudar planos do som e de conversa, percebendo que havíamos tocado numa corda sensível: o corso era um deles... por isso quis descansar em Peroguarda.
E como foi bonita essa festa em Ferreira do Alentejo onde se misturaram vozes experientes com cantes mais moços... porque há gente nova que sabe cantar à alentejana.

19 dezembro, 2006

18 dezembro, 2006

Fundão: terra de vinho, cultura e turismo

PASSEIO DE JORNALISTAS no FundãoÉ o título da reportagem que Santos Mota assina no último número da revista "O Escanção". Claro que não esquece o esforço da fabricação artesanal dos doces e compotas em Alcongosta...Consultar aqui)

15 dezembro, 2006

À tardinha, até Portel!
mais um PASSEIO DE JORNALISTAS na estrada...

PASSEIO DE JORNALISTAS em Portel

+ PORMENORES

Logo mais à tarde, uma dezena e meia de profissionais da comunicação social faz-se à estrada até ao Alentejo, até Portel.
Ao longo do fim de semana eles vão percorrer as freguesias daquele concelho, contactar aspectos diversos da sua vivência, observar realidades, ouvir falar de projectos... Com tempo para visitar uma unidade apícola, uma queijaria ou uma pequena fábrica de enchidos.

PASSEIO DE JORNALISTAS em PortelNum concelho que albergava já uma parte da albufeira da barragem do Alvito, os jornalistas vão agora navegar o mais novo e imenso lago: da Amieira até Alqueva. Aí visitam a nova central hidroelectrica, aí almoçam no sábado.

O vinho, essa outra riqueza de Alentejo, não será esquecido e a sua celebração será marcada por uma visita à Herdade do Meio, nos arredores da sede do concelho.O concelho visitado pelo PASSEIO DE JORNALISTAS
As boas vindas ficarão a cargo do Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel durante o jantar inaugural, logo à noite, no "Refúgio da Vila".

14 dezembro, 2006

De regresso a Portel:
O dia em que a música cortou a estrada...

Emissão do FEIRA FRANCA em Portel
Ninguém diria que aqui passava a Estrada Nacional para Lisboa... Nesse dia... não passou. Com a colaboração da GNR, durante umas 3 horas o trãnsito ficou cortado e a circulação fez-se por vias alternativas.
A música tinha tomado conta do largo, a rádio fazia-se directa e ao vivo: com bandas e corais, provou-se gastronomia local, ouviram-se histórias, contaram-se sonhos, navegou-se Alqueva e Alvito, passearam-se searas, montados, horizontes...
já lá vão cinco anos... Está na hora de voltar a Portel!

09 dezembro, 2006

Outras escórias

PASSEIO DE JORNALISTAS no Fundão

Foi esta paisagem que os verdianos tiveram nos olhos quando, nos anos de 50/60, lhes foi dada a Panasqueira como nova S. Tomé: a roça era então de calhau, de volfrâmio. Tão áspera como a equatorial. Tão dolorosa como o café. Lá em baixo, o rio grande (mais pequeno que o mar) cirandava nos cortes feitos pela erosão dos séculos: é o Zêzere a chamar a memória de glaciares antigos.


Vieram a contrato, mão de obra barata, mais barata que a dos beirões mineiros que teciam revoltas onde andavam estórias dos bandos do Caca e do João Brandão que também por aqui espreitaram. Fugiam da fome sem milho, sem xerém, sem bongolom. E atalhavam assim, a contragosto, o clamor mineiro por melhor salário. Deste modo juntavam a diferença da cor da pele à raiva que resultava dos cadernos reivindicativos que os senhores do minério rasgavam.


Foram mirados de soslaio os cabo-verdianos importados da sua fome insular. Foram hostilizados pelos mineiros brancos. E entre as rochas esmifradas por ganha-pão correu o salitre do racismo. Até que os “negros”, os crioulos partiram. Desgastados. Desgostados.


PASSEIO DE JORNALISTAS no Fundão A PIDE e a Guarda rondavam entre os verdes, espreitando as casas. Os verdianos foram-se embrora. Ficaram as greves de 60 e de 70. Ficaram as memórias que ninguém registou ainda numa placa para mostrar aos de hoje que a Panasqueira não é só paisagem surpreendente, que enche a alma: é lágrimas de gente, lágrimas que também escorreram até ao rio, arrastando consigo suor e misérias.


Tudo isto aconteceu nestas encostas por onde Aquilino e Namora recolheram páginas de livros. São outras escórias que o tempo não pode limpar. É preciso recordá-las.

Diário de Bordo do PASSEIO DE JORNALISTAS NO FUNDÃO

08 dezembro, 2006

Reencontro com Eugénio

Na Póvoa da Atalaia a sombra de Eugénio
CAFÉ PORTUGAL - Eugénio de Andrade– a tua sombra: aqui nasceste menino Fontinha, José de teu nome. E adolesceste. Antes de seguires outros rumos pelos afluentes do silêncio, as mãos recolhendo os frutos das lavouras que foste achando. Vivendo o tempo. Retecendo o tempo. Tu e a tua boina negra, galega. Tu e os teus cabelos brancos, desgrenhados, que encontrei à beira Douro, diante da Foz, onde os encontrei.
Venho à Póvoa e reencontro-te. Tu ainda aqui estás. Sempre aqui estiveste, mesmo quando deixaste de ser menino, de ser José, de ser Fontinha, e te crismaste Eugénio e fingiste que entravas na “pátria dos Andrades”.
Chegando à Póvoa redescubro-te . E contigo recapitulo a lição:

Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
CAFÉ PORTUGAL - Eugénio de Andradeonde a luz é feliz e se demora.

Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova
”.

Olho. Relembro as mãos. Relembro os frutos. Compreendo. E rezo-te:

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos