![Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Montalegre](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtt17e3W4uEjLLH3FanOxWAITj366dZGnHgbpgXM-a8v9r94nfC7uvMaVJd6HC7KfqGmm-wr-nc3HuRdO7e63l44CneI8i2Zi3PjV7V_rxNEzOCX8JoDZSxIxcNSIx1M-hTfMZ/s400/08.jpg)
Uma voz feminina de entre as mulheres de negro vestidas, sentadas à porta da casa de pedra para ver gente de fora passar, ecoou:
“precisávamos era de gente para cavar batata....”
Senti um arrepio e percebi-lhe o tom. Filha de agricultores, embora de zonas mais temperadas, aprendi o que é a dureza da terra, das tempestades que estragam as colheitas, das mãos calejadas da enxada, da pele crespa do frio ou do sol, de ter-se muito ou viver-se com pouco... ao sabor do tempo - Bento Gonçalves o primeiro secretário Geral do Partido Comunista, natural da aldeia ali ao lado, Fiães do Rio, tê-lo-á sabido também da dureza desses tempos!.
“Somos jornalistas, estamos a visitar o concelho de Montalegre para conhecer melhor!" Expliquei-lhes, enquanto me vinha à memória o contraste com o conforto em viajar no “Alfa” de Lisboa para o Porto, do almoço Douro acima, do agradável hotel “Quality Inn” onde nos hospedámos, das fartas iguarias da gastronomia barrosã que saboreámos.
Sugeri-lhes um pedido à Câmara e "talvez houvesse voluntários que prestassem alguma ajuda...”, convicta de que, apesar de uma certa aridez de valores em que vivemos, há ainda gente que ama a terra e tem espirito solidário.
![Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Montalegre (Paredes do Rio)](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMJ_JkU1znU5Ea6hrFIwQCDTZ1_2m77YKBc6a5Z09ARW7OpXtrKubMVKBFrL15G8djEH-LY4XsbeF7uHadPNwk1q5cuPAMkXfOr-FhQvbjZNPrHct3CA8J548NefbiLi1iWuY-/s320/DSC_7098.JPG)
| Estávamos na aldeia de Paredes do Rio onde mulheres idosas tentam manter viva a tradição da tecelagem, da feitura das capas de burel, das meias de lã... São mulheres das terras do Barroso, que vêem agora aquilo que era o local encontro da comunidade – o forno de pão ou o palácio do boi – resíduos de uma vivência e de uma cultura, transformada em ECO MUSEU, disponível à observação dos outros.
Maria, 71 anos, contava-me que era mãe solteira Tinha 30 anos quando o pai do seu filho morreu. Depois, nunca mais quis homem... era assim na aldeia... quando uma mulher infringia os cânones tradicionais com uma maternidade fora do casamento. O filho está no Brasil, fica a solidão das pedras ou a aparente felicidade de um espaço preenchido de lembranças. Os mais novos já não querem a terra, foram estudar ou trabalhar para zonas de maior comércio de quem não conhece outros mundos. Aquelas imagens de mulheres de lenços negros a tapar a cabeça repetiam-se em Pitões de Júnias, a caminho da missa, como sombras de um passado que já ninguém quer abraçar. |
![Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Montalegre (Paredes do Rio)](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieqPSJuWvm-BAkIASXrQau-gH0gB10aIBIiXAfTH8OvAp7Mw26LAlUkj7RGqSq6Vh7Q2YV2dyqfgaGvDnfnWo4SKk7L2GuW7f5-1U9o7hXUTwmQDEFcyPZf4HEMixksz9hX9Qq/s200/DSC_7177.JPG)
|
![Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Montalegre (Paredes do Rio)](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4caaNX4z-A8szvGR0CK7SH5IWKDAxengLtqfx1G5AWGu9krtnTWoSD3bqZhO0Thqqw1ddrAGdRL6J3f12tmsGrEKYvbBw2beLYN8cEzzOirolwA8578Dlkn_WYtAVTeuI9g0E/s200/DSC_7252.JPG)
|
![Café Portugal - PASSEIO DE JORNALISTAS em Montalegre (Pitões de Júnias)](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8DJNdDTviF8M_PoTKdvLQHpUJiBX0BylgRWsHc35zh4p4G1Lk7eYIawddO4Zr9YDOpg7kFGH6r3fLHNSMR33lE7ik_JpISg3diwrb0XAaQc-ENHj7ih_e0BBfz2DT4ObUFdF2/s200/DSC_7356.JPG) |
Montalegre está a desenvolver-se e as casas de pedra, (umas fechadas porque os seus donos estão fora, emigrados, outras degradadas e poucas recuperadas) são , agora redescobertas para novas dinâmicas: o turismo de habitação, ou a readaptação dos atributos da terra , dos seus costumes e artefactos – veja-se a Casa dos Braganças - para outras pessoas usufruírem, de forma confortável, as atracções turísticas de um concelho dotado de uma paisagem fabulosa, onde se combinam as serras, de vegetação simples e floridas, com o azul cristalino da água das barragens.
As célebres vacas barrosãs de cornos em lira ainda se vêem pastando pela serra e as "chegas" de bois, onde dois machos se desafiam - tradição antiga de dias festivos - já deu lugar a estátua na sede do concelho. | |
Na raia de Espanha, orgulhosa de tradições firmes e gentes que “bebem” da força do granito natural, Montalegre terá de continuar a “queimar as bruxas”- como o fez o conhecido padre Fontes, na tradicional bebida preparada em caldeirão, durante o jantar em Mourilhe - para não ficar esquecido.
Eu não acredito em bruxas “pero que las hay, las hay!!!”
Fotos: Antunes Amor (direitos reservados) Clique sobre elas para ampliar |
Diário de Bordo do PASSEIO DE JORNALISTAS em Montalegre