Navegável só para as idas | Ir para o princípio |
Veja-se o rio que se sobe, eclusa a eclusa, conquista da engenharia também incluída no desenho inicial do conjunto de barragens, e que deveria tornar o Douro navegável em todo o seu percurso português. Andou em bolandas, a ideia da navegabilidade, mas acabou por concretizar-se. Bem, por um lado, pela belíssima experiência que representa a subida (como a descida, diga-se), nos barcos que entretanto concretizaram uma aposta comercial serôdia. Mal, porque parece corresponder de forma limitada aos anseios durienses de captação de turistas. A tal ponto se trata de um projecto pouco integrado que o presidente da Câmara de Alijó não hesitaria em assinalar como principal resultado para a região o facto de lhe trazerem mais lixo.
Um dos problemas, quase incontornável, é que os transportadores se limitaram, na prática a essa tarefa. Por isso, a subida do rio resulta num pequeno contributo para o número de dormidas na Régua, Pinhão, e outras localidades em que unidades hoteleiras se vão implantando. E limita-se praticamente às subidas, com as descidas em vazio, no geral…
Na verdade, subsistem problemas como os do tempo de viagem pelas difíceis estradas durienses (e transmontanas), mas também a ocupação dos tempos de lazer, como visitas ao património e campos de golfe (entre outras actividades da moda), que prolonguem as estadias do viajante para além da noite única, de passagem.
É que há património. Este fim-de-semana por terras de Alijó traduziu-se em visitas a diversos pontos de interesse: o conjunto arquitectónico do Santuário da Perafita, a anta da Fonte Coberta, ou o castro do Pópulo; e há as paisagens, claro, com diversos miradouros alcandorados sobre aquele pequeno mundo de vinha, vinho e veios de rios: o picoto da Senhora da Cunha, o de Nª Srª da Piedade, à beira de Favaios, e outros de paragem desejável.
E não se trata de património esse conjunto notável de quintas dedicadas sobretudo à produção de vinho – com ele e por ele nascidas – mas que a pouco se reconvertem, tentam apanhar o comboio do turismo? Aí está a Quinta do Silval, exemplo eloquente do querer humano: o declive da estrada à plataforma que abriga o conjunto edificado só não é uma epopeia porque os tempos aligeiraram tudo.
Fotos: Antunes Amor (direitos reservados) Clique sobre elas para ampliar | |
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