Quando as noites não acabam...- Oh tiazinha, isto são horas de andar para aí a dançar? - Eu sei lá se vejo as próximas Festas. - Dance para aí á vontade, nem que seja a noite toda... |
Que mais se poderia dizer a uma mulher de uns 80 anos, cheios de alegria e força, dançando e cantando na rua, madrugada adentro? Francisca Aldeana, mão certeira para bolos e outras gostuzuras, uma casa acolhedora na Rua da Carreira com um rés do chão forrado a pratos de barro, numa lindíssima colecção carreada pelo falecido marido ao longo de anos de viajeiro oficio. |
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Maria Francisca não viu as Festas que se seguiram. Mas despediu-se a preceito daquelas.
Já se foram as duas da manhã e ainda se vê muita gente pelas ruas. Vão em grupos, conversam alto, há risos e ditos. De quando em vez um som ritmado de palmas, de vozes e pandeiros. Passam cantando, param se os convidam para um copo nas mesas alinhadas à porta das casas.
A Festa é na calçada: aí se dançam as saias, aí se trocam abraços e cumprimentos com gente da terra que, vivendo fora, regressa toda por esta altura, até mais não caber nos quartos, nos anexos, nas arrecadações ou onde quer que se arrumem por umas noites... Agora perder a Festa é que não!!!
As cores da flores são diferentes á noite, com as luzes e as sombras. De noite até a Festa é diferente - saídos os magotes dos que de fora vieram, de autocarro ou automóvel, aos milhares - reencontram-se os da terra para celebrar, como se estivessem à espera de ficar a sós para uma celebração que lhes pertence(*). Então, as noites de Campo Maior nunca mais acabam!
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(*) E que morrerá (ainda não morreu?) no dia em que a quiserem
evento,
cartaz turístico,
produto comercial...
1 comentário:
Ainda bem que descobri este cantinho, parabéns que é excelente, boa semana.
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