
| Circus - Music by Elias Davidsson |
Nas mesas cá dentro ou na esplanada... cruzam-se paisagens, rostos, artes, sabores e projectos de viagem pelos mares da lusofonia. Entre convites e vontades, a disponibilidade para sair por aí em busca de um sorriso, de um passeio, de uma aventura...

| Circus - Music by Elias Davidsson |
| O exercício da língua e da cultura como afirmação de identidade. | ![]() |
| A busca do desenvolvimento sustentável como forma de fixação das populações contrariando a desertificação e o abandono. |
| O Turismo | ![]() |
As novas tecnologias como factor integrador E a cooperação transfronteiriça como instrumento de progresso. | | ![]() |
| A capa de honras inspira padrões de elegância e beleza que o artesanato reinventa e a alta costura inveja e copia. |
No Planalto Mirandês, gaitas de foles em fundo, chegam os tamborileiros.
Não olhem para mim com essa cara... Não tenho culpa nenhuma. Ou se calhar, até tenho: por ter acreditado na Netcabo! Tudo por aí a falar em novas tecnologias e choques tecnológicos e o meu modem morto, convertido em objecto de decoração/raiva/impotência... Só ontem ao princípio da noite voltou a dar sinais de vida.
Em duas semanas: 10 dias de paralisia total... com ligeiros intervalos. A última paragem veio de 2ª feira e durou até ao fim da tarde de ontem. Não acreditam que possa ser possível? Perguntem à Netcabo que ela explica como consegue.
Ás malvas os direitos dos consumidores, as responsabilidades contratuais, as necessidade individuais e empresarias de comunicação. Apenas um olímpico e sobranceiro desinteresse e um inaudito abuso de posição dominante.
Por último, noto a simpatia e correcção com que autarcas, responsáveis pela Região de Turismo, directores e técnicos do Parque Natural, pessoal de apoio, nos receberam e se disponibilizaram para nos dar esclarecimentos, estando sempre presentes nos diferentes eventos, provando-nos os esforços que estão a ser feitos para evitar a desertificação humana numa região onde impera a beleza e a qualidade genuína de produtos e gentes locais.
Como gostei do filme que nos proporcionaram ver …de um Portalegre antes e depois de Revolução de Abril… as suas vivências e costumes…a “movida” alentejana, mais intensa do que a de hoje... Agora tem de se recorrer a tudo para fixar pessoas no interior.
É preciso fazer algo para que se possa criticar… e isso , “o fazer” é um privilégio da Fernanda , a coordenadora do rancho folclórico de Castelo de Vide, uma jovem engenheira que com alma e emoção nos soube presentear ao jantar, na “Casa do Parque”, não só com várias actuações de danças e cantares do grupo para o qual soube cativar o marido, a sogra, o cunhado, a mãe… como ainda explicou o significado de cada traje, as diferenças sociais, as dificuldades do desenvolvimento humano em terras pobres e agrestes, os sonhos e lutas das gerações anteriores...
A minha estima igualmente para todas as cozinheiras que se esmeraram na confecção de todas as refeições que nos foram oferecidas nos diversos locais, pelo seu esmero e capacidade em mostrar-nos a gastronomia típica – muitas vezes excessiva para o meu estômago já habituado a quantidades menores e sabores menos apurados.

Num percurso pelo Parque Natural de S. Mamede onde são já raras as convivências humanas, apreciei a extensa mancha de soutos (para quem não se lembre, são conjuntos de castanheiros).
Julien Reynolds, o proprietário da Monte da Figueira de Cima, em Arronches, um elegante cidadão espanhol de origens portuguesa e inglesa, juntou a história e a cultura com o marketing na projecção do Clube Glória Reynolds (que permite o acesso exclusivo a um vinho requintado do mesmo nome) numa referência que honra o nome da sua mãe.
Na bela adega de asnas em madeira e gigantescas mesas em fatias brutas de xisto - a fazer inveja – erguem-se grandes tonéis de carvalho francês onde fermentam e se apuram os requintados vinhos. Nas paredes, fotografias a preto e branco de Gloria Reynolds e seus antecedentes – uma violinista actualmente com 96 anos a quem Julien, diz dever-lhe o saber amar Portugal e sobretudo o Alentejo.
A quinta é extensa. Avista-se o gado, manadas e rebanhos, e as vinhas estão bem tratadas.
Não faltou o cumprimento de exigências sanitárias e o veterinário a atestar a boa saúde do animal. Lá estavam, qual carimbo da minha infância de zona saloia(Mafra), os homens a segurarem o porco deitado, o facalhão que faz a sangria, a mulher com o alguidar de barro... e que deve mexer incessantemente o sangue para que não coagule.
Imagem retirada de Marvão - Candidatura a Património Mundial
Casa de Ana Pestana, em Aramenha – turismo de habitação – onde dormi.
É um requinte que de per si, justifica o passeio.
A Ana, arquitecta, que levou quatro anos a refazer a sua casa ardida – disseram-me os amigos que ela “é muito determinada e até fazia e punha a massa…como se fora o pedreiro…”- é uma mulher amável que colocou a sua personalidade por toda a casa. Uma recuperação onde a pedra, sobretudo o xisto, misturada com vidro, são valorizados.
Tudo é harmonia…o sol que entra pelas janelas sem cortinas, os nichos, os soalhos, a vista para a serra, os objectos antigos e recuperados, originalidades e pinturas, numa fusão do antigo e do moderno, onde nos sentimos sobretudo, bem. Que lindas as casas de banho com lavatórios assentes sobre fatias de xisto….
Imagem retirada de Marvão - Candidatura a Património MundialUma região cheia de potencialidades a precisar que o governo olhe para ela, sob pena de todo o esforço humano em curso, se frustrar.
Que recepção agradável na Taberna António José – uma casinha discreta, decorada com objectos da lavoura, primando pela qualidade.
A bela sopa de tomate que nos foi servida ( uma trintena de pessoas) foi a minha escolha, ”o meu jantar” mais que suficiente, dispensando as migas com entrecosto, prato igualmente bem confeccionado e abundante.


"O Alentejo tem tudo para se desenvolver, não está é descoberto"
Esta é uma convicção de Julien Reynolds, empresário conhecido da área das pedreiras de xisto em Espanha, aqui bem perto de nós, e que há alguns anos adquiriu o Monte da Figueira, a cerca de dois quilómetros de Arronches (...) - jornal Fonte Nova (ler mais).
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